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CAPÍTULO 9
O técnico em segurança de sistemas Phil Chartrukian tinha decidido passar
rapidamente pela Criptografia, pois precisava pegar uma papelada que havia
deixado por lá no dia anterior. Seus planos iriam mudar em breve.
Atravessou o salão da Criptografia e entrou no laboratório de Segurança de
Sistemas (SegSis). Percebeu que havia algo errado quando viu que não tinha
ninguém sentado em frente ao terminal que controlava continuamente o
funcionamento do TRANSLTR e que seu monitor estava desligado. Chartrukian
chamou em voz alta:
- Tem alguém aí?
Ninguém respondeu. O laboratório estava absolutamente limpo, dando a
impressão de que nenhum funcionário pisara lá nas últimas horas. Chartrukian
tinha apenas 23 anos e era relativamente novo no esquadrão de SegSis, mas havia
sido bem treinado e conhecia os procedimentos: deveria sempre haver alguém
de SegSis de plantão na Criptografia, sobretudo aos sábados, quando os
criptógrafos ficavam em casa. Ele ligou imediatamente o monitor e virou-se
para o quadro de escalas afixado na parede.
Quem deveria estar aqui?, perguntou a si mesmo, percorrendo a lista de nomes.
De acordo com a escala, um novato chamado Seidenberg deveria ter começado
um turno duplo à meia-noite. Pensativo, Chartrukian correu os olhos pelo
laboratório vazio. Por onde anda esse cara?
Olhando para o quadro, ele pensou se Strathmore já sabia que o laboratório de
SegSis estava deserto. Ele havia reparado, ao entrar, que as cortinas do escritório
do comandante estavam fechadas, o que era relativamente normal em se
tratando de um sábado. Ainda que Strathmore pedisse aos seus criptógrafos que
tirassem sempre folga aos sábados, ele mesmo parecia trabalhar 365 dias por
ano. De uma coisa Chartrukian estava certo: se Strathmore descobrisse que não
tinha ninguém no laboratório de SegSis, o novato que havia faltado seria demitido
no ato. Chartrukian olhou para o telefone, pensando se deveria ligar para o
técnico e dizer que ficaria no plantão em seu lugar. 48
Existia uma regra informal entre o pessoal de SegSis de que cuidariam uns dos
outros. Dentro da hierarquia da Criptografia, os SegSis eram cidadãos de segunda
classe, constantemente envolvidos em disputas com os senhores do castelo.
Ninguém tinha dúvida de que os criptógrafos dominavam esse palácio de alguns
bilhões de dólares. Os SegSis eram tolerados apenas porque mantinham seus