Page 47 - Fortaleza Digital
P. 47

CAPÍTULO 9
      O técnico em segurança de sistemas Phil Chartrukian tinha decidido passar
      rapidamente pela Criptografia, pois precisava pegar uma papelada que havia
      deixado por lá no dia anterior. Seus planos iriam mudar em breve.
      Atravessou o salão da Criptografia e entrou no laboratório de Segurança de
      Sistemas (SegSis). Percebeu que havia algo errado quando viu que não tinha
      ninguém sentado em frente ao terminal que controlava continuamente o
      funcionamento do TRANSLTR e que seu monitor estava desligado. Chartrukian
      chamou em voz alta:
      - Tem alguém aí?
      Ninguém respondeu. O laboratório estava absolutamente limpo, dando a
      impressão de que nenhum funcionário pisara lá nas últimas horas. Chartrukian
      tinha apenas 23 anos e era relativamente novo no esquadrão de SegSis, mas havia
      sido bem treinado e conhecia os procedimentos: deveria sempre haver alguém
      de SegSis de plantão na Criptografia, sobretudo aos sábados, quando os
      criptógrafos ficavam em casa. Ele ligou imediatamente o monitor e virou-se
      para o quadro de escalas afixado na parede.
      Quem deveria estar aqui?, perguntou a si mesmo, percorrendo a lista de nomes.
      De acordo com a escala, um novato chamado Seidenberg deveria ter começado
      um turno duplo à meia-noite. Pensativo, Chartrukian correu os olhos pelo
      laboratório vazio. Por onde anda esse cara?
      Olhando para o quadro, ele pensou se Strathmore já sabia que o laboratório de
      SegSis estava deserto. Ele havia reparado, ao entrar, que as cortinas do escritório
      do comandante estavam fechadas, o que era relativamente normal em se
      tratando de um sábado. Ainda que Strathmore pedisse aos seus criptógrafos que
      tirassem sempre folga aos sábados, ele mesmo parecia trabalhar 365 dias por
      ano. De uma coisa Chartrukian estava certo: se Strathmore descobrisse que não
      tinha ninguém no laboratório de SegSis, o novato que havia faltado seria demitido
      no ato. Chartrukian olhou para o telefone, pensando se deveria ligar para o
      técnico e dizer que ficaria no plantão em seu lugar. 48
      Existia uma regra informal entre o pessoal de SegSis de que cuidariam uns dos
      outros. Dentro da hierarquia da Criptografia, os SegSis eram cidadãos de segunda
      classe, constantemente envolvidos em disputas com os senhores do castelo.
      Ninguém tinha dúvida de que os criptógrafos dominavam esse palácio de alguns
      bilhões de dólares. Os SegSis eram tolerados apenas porque mantinham seus
   42   43   44   45   46   47   48   49   50   51   52