Page 48 - Fortaleza Digital
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"brinquedos" funcionando corretamente.
Chartrukian tomou uma decisão. Pegou o telefone e começou a discar, mas
interrompeu o gesto no meio. Seus olhos fitavam, hipnotizados, o monitor à sua
frente. Como numa filmagem em câmara lenta, colocou o telefone de volta no
lugar e ficou olhando para a tela, boquiaberto. Em oito meses de trabalho, Phil
Chartrukian jamais vira o ExeMon, o monitor de execução de tarefas do
TRANSLTR, exibir nada além de zero no campo referente às horas. Essa era a
primeira vez. TEMPO DECORRIDO: 15:17:21
- Quinze horas e dezessete minutos? - Ele tremia. - Impossível!
Pediu uma atualização de tela, torcendo para alguma coisa boba ter dado errado.
Quando a tela foi novamente exibida, continuava mostrando o mesmo número de
horas.
Chartrukian sentiu um calafrio. Os SegSis da Criptografia tinham uma única
responsabilidade: manter o TRANSLTR "limpo", ou seja, sem vírus.
Ele sabia que um tempo de execução de 15 horas só podia significar uma coisa:
vírus. Um arquivo contaminado havia entrado no TRANSLTR e estava
corrompendo sua programação. Chartrukian entrou automaticamente em ação:
não importava mais se o laboratório de SegSis tinha ficado vazio ou se o monitor
estivera desligado. Ele se concentrou no problema principal: o TRANSLTR.
Pediu uma listagem de todos os arquivos enviados para o TRANSLTR nas últimas
48 horas. Começou a ler a lista.
Será que passou algum arquivo infectado?, pensava ele. Será que os filtros de
segurança deixaram de perceber alguma coisa?
Como medida de segurança, todos os arquivos que eram enviados para o
TRANSLTR deviam passar por aquilo que era conhecido como Gauntlet - uma
série de poderosos portais codificados nos próprios circuitos, filtros de pacotes e
programas de limpeza que analisavam 49
cada um dos arquivos que chegavam à procura de vírus e sub-rotinas
potencialmente perigosas. Qualquer arquivo que contivesse uma programação
desconhecida para o Gauntlet era rejeitado e tinha que ser verificado
manualmente. Ocasionalmente, o Gauntlet rejeitava arquivos absolutamente
inócuos apenas porque continham alguma programação que os filtros nunca
haviam encontrado. Nesses casos, o pessoal de SegSis fazia uma inspeção
manual cuidadosa e, apenas depois disso, com a garantia de que o arquivo
estivesse limpo, podiam passá-lo por fora do Gauntlet e enviá-lo diretamente