Page 67 - Fortaleza Digital
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- E se Tankado não estivesse mais na jogada?
Numataka quis rir, mas notou uma estranha determinação naquela voz.
- Se Tankado não estivesse mais na jogada? - Numataka pensou um pouco.
- Então eu e você fecharíamos negócio.
- Tornarei a ligar - disse a voz. A linha ficou muda.
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CAPÍTULO 14
Becker olhou para o cadáver. Mesmo já tendo morrido há algumas horas, o
japonês continuava com um tom avermelhado em seu rosto pelo excesso de sol.
O resto do corpo era de um amarelo pálido, exceto uma pequena área onde
havia um hematoma de uma tonalidade mais escura, exatamente sobre seu
coração.
Provavelmente por conta de uma tentativa de ressuscitação ou massagem
cardíaca, pensou Becker. Pena que não tenha funcionado. Voltou a examinar as
mãos do cadáver. Nunca vira nada igual antes. Cada uma tinha apenas três
dedos, todos eles retorcidos. Mas Becker estava olhando uma outra coisa.
- Ora, ora, quem diria... - disse o tenente do outro lado da sala. - Ele é
japonês, e não chinês.
Becker olhou para ele. O policial estava folheando o passaporte do defunto.
- Preferia que você não mexesse nisso - pediu Becker. Não toque em nada. Não
leia nada.
- Ensei Tankado... nascido em janeiro...
- Por favor - disse Becker, com polidez -, coloque-o de volta. O policial olhou
para o passaporte por mais alguns instantes e depois jogou-o de volta na pilha de
pertences.
- Esse cara tem um visto classe 3. Ele poderia ficar por aqui durante alguns anos.
Becker bateu na mão da vítima com uma caneta.
- Talvez vivesse aqui.