Page 68 - Fortaleza Digital
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- Não pode ser. A chegada foi semana passada.
- Talvez estivesse de mudança para cá - sugeriu Becker secamente.
- É, pode ser. Foi um mau começo. Insolação e ataque cardíaco. Pobre coitado.
Becker ignorou o policial e continuou estudando a mão.
- Você tem certeza de que ele não estava usando nenhuma jóia quando morreu?
- Jóias? - O policial olhou para ele, espantado.
- É, venha ver isso.
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O tenente atravessou o quarto. A pele da mão esquerda de Tankado estava
queimada de sol, exceto em uma pequena faixa em torno do dedo menor. Becker
apontou para aquela faixa.
- Você vê como a pele não está bronzeada aqui? É como se ele estivesse usando
um anel. O tenente parecia surpreso.
- Um anel? - Ficou confuso. Examinou o dedo do cadáver. - Meu Deus –
ele disse, rindo. - Então a história era verdadeira?
Becker teve um mal pressentimento.
- Como assim?
- O senhor que ligou para a emergência. Era um turista canadense, acho eu.
Ficava balbuciando coisas no pior espanhol que já ouvi.
- E ele disse que o Sr. Tankado estava usando um anel?
- Isso. - Puxou do bolso um cigarro, olhou para o cartaz de PROIBIDO
FUMAR, mas acendeu-o assim mesmo. - Talvez eu devesse ter falado a respeito
antes, mas o sujeito parecia ser um louco completo. Becker continuou olhando
para ele, pensativo. As palavras de Strathmore ecoavam em seus ouvidos: Quero
tudo que estava com Ensei Tankado. Tudo. Não deixe nada para trás, nem
mesmo um pequeno pedaço de papel.
- E onde está o tal anel agora? - perguntou Becker. O oficial deu um tragada