Page 108 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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                                                    O QUE LÚCIA ENCONTROU







                  – Boa noite – disse Lúcia. Mas o fauno estava tão ocupado em apanhar os
                  embrulhos  que  nem  respondeu.  Quando  terminou,  fez-lhe  uma  ligeira
                  reverência:

                         –  Boa noite,  boa noite.  Desculpe,  não quero bancar o intrometido,
                  mas você é uma Filha de Eva?

                         Ou estou enganado?
                         – Meu nome é Lúcia – disse ela, sem entender direito.

                         – Mas você é, desculpe, o que chamam de menina?

                         – Claro que sou uma menina – respondeu Lúcia.

                         – Então é de fato humana?
                         – Evidente que sou humana! – disse Lúcia, bastante admirada.

                         – É claro, é claro – disse o fauno. – Que besteira a minha! Mas eu
                  nunca tinha visto um Filho de Adão ou uma Filha de Eva. Estou encantado.
                  Isto é... – e aí parou, como se fosse dizer alguma coisa que não devia. –
                  Encantado, encantado – continuou. – Meu nome é Tumnus.

                         – Muito prazer, Sr. Tumnus.

                         – Posso perguntar, Lúcia, Filha de Eva, como é que veio parar aqui
                  em Nárnia?
                         – Nárnia? Que é isso?

                         – Aqui é a terra de Nárnia: tudo que está entre o lampião e o grande
                  castelo  de  Cair  Paravel,  nos  mares  orientais.  Você  veio  dos  Bosques  do
                  Ocidente?

                         – Eu entrei pelo guarda-roupa da sala vazia.

                         – Ah! – disse o Sr. Tumnus, numa voz um tanto melancólica. – Se eu
                  tivesse estudado mais geografia quando era um faunozinho, saberia alguma
                  coisa sobre esses países estrangeiros. Agora é tarde.

                         –  Mas  não  são  países  coisa  nenhuma  –  disse  Lúcia,  quase
                  desandando a rir. – É logo ali atrás, acho... não tenho certeza. Lá é verão.
                         – Mas em Nárnia é sempre inverno, e há muito tempo. Aliás, vamos
                  apanhar um resfriado se ficarmos aqui conversando debaixo da neve. Filha
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