Page 109 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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de Eva das terras longínquas de Sala Vazia, onde reina o verão eterno da
bela cidade de Guarda-Roupa, que tal se a gente tomasse uma xícara de
chá?
– Muito obrigada, Sr. Tumnus, mas eu estava querendo voltar pra
casa.
– É ali, virando aquela esquina – disse o fauno –, e lá tem uma lareira
acesa, torradas, sardinha, bolo...
– É muita bondade de sua parte. Só que não posso demorar muito.
– Segure no meu braço, Filha de Eva. Assim a sombrinha dá para
dois. O caminho é por aqui.
Foi assim que Lúcia começou a andar pelo bosque, de braço dado
com aquela estranha criatura, como se fossem velhos amigos.
Ainda não tinham andado muito quando chegaram a um lugar em
que o chão era mais áspero, e havia rochas por toda parte e pequenas
colinas para subir e descer. Ao chegarem ao fundo de um valezinho, o Sr.
Tumnus voltou-se de repente para o lado, indo direto ao encontro de uma
rocha colossal. No último instante, Lúcia percebeu que ele a conduzia para
a entrada de uma caverna.
Mal se acharam lá dentro, ela começou a piscar à vista de uma bela
lareira acesa. O Sr. Tumnus tirou do fogo um tição e acendeu um fogareiro.
– Não demora – disse, pondo a chaleira no fogo.
Lúcia nunca estivera num lugar tão agradável. Era uma caverna
quentinha e limpa, aberta numa rocha de tons avermelhados, com um tapete
no chão e duas cadeirinhas. (“Uma para mim e outra para um amigo” –
disse o Sr. Tumnus.) Havia ainda uma mesa, uma prateleira e uma chaminé
por cima da lareira; e, dominando tudo, o retrato de um velho fauno de
barba grisalha.
Num canto, uma porta. “O quarto do Sr. Tumnus”, pensou Lúcia.
Encostada à parede, uma estante cheia de livros, que ela ficou examinando
enquanto ele preparava o chá. Os títulos eram esquisitos: A vida e as cartas
de Sileno; As ninfas e as suas artes; Homens, monges e guardas do bosque;
Estudo da lenda popular; É o homem um mito?
– Vamos, Filha de Eva.
Foi de fato um chá maravilhoso. Um ovo mal cozido para cada um,
sardinhas fritas, torradas com manteiga, torradas com mel em seguida, e
depois um bolo todo coberto de açúcar.
Quando Lúcia já não podia comer mais, o fauno começou a falar.
Sabia histórias maravilhosas da vida na floresta. Falou das danças da meia-