Page 105 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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preciso andar quase dez minutos daqui até a sala de jantar, e há uma porção
de escadas e corredores pelo caminho.
– Que barulho é esse? – perguntou Lúcia de repente.
Era a maior casa que ela já tinha visto. A idéia de corredores
compridos e fileiras de portas que vão dar em salas vazias começava agora
a lhe dar arrepios.
– Foi um passarinho, sua boba – disse Edmundo.
– Foi uma coruja – disse Pedro. – Este lugar deve ser uma beleza
para passarinhos. E agora pra cama! Amanhã vamos explorar tudo.
Repararam nas montanhas do caminho? E os bosques?
Aqui deve ter águia. Até veado. E falcão, com certeza.
– E raposas! – disse Edmundo.
– E coelhos! – disse Susana.
Mas, quando amanheceu, caía uma chuva enjoada, tão grossa que, da
janela, quase não se viam as montanhas, nem os bosques, nem sequer o
riacho do quintal.
– Tinha certeza de que ia chover! – disse Edmundo.
Haviam acabado de tomar café com o professor e estavam na sala
que lhes fora destinada, um aposento grande e sombrio, com quatro janelas.
– Não fique reclamando e resmungando o tempo todo – disse Susana
para Edmundo. – Aposto que, daqui a uma hora, o tempo melhora.
Enquanto isso, temos um rádio e livros à vontade.
– Isso não me interessa – disse Pedro. – Vou é explorar a casa.
Todos concordaram, e foi assim que começaram as aventuras. Era o
tipo da casa que parece não ter fim, cheia de lugares surpreendentes. As
primeiras portas que entreabriram davam para quartos desabitados, como
aliás já esperavam. Mas não demoraram a encontrar um salão cheio de
quadros, onde também acharam uma coleção de armaduras. Havia a seguir
uma sala forrada de verde, com uma harpa encostada a um canto. Depois de
terem descido três degraus e subido cinco, chegaram a um pequeno saguão
com uma porta, que dava para uma varanda, e ainda para uma série de
salas, todas cobertas de livros de alto a baixo. Os livros eram quase todos
muito antigos e enormes.
Pouco depois, espiavam uma sala onde só existia um imenso guarda-
roupa, daqueles que têm um espelho na porta. Nada mais na sala, a não ser
uma mosca morta no peitoril da janela.
– Aqui não tem nada! – disse Pedro, e saíram todos da sala.