Page 10 - Quando chegar a primavera
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As palavras, essas companheiras ruidosas de muitas faces,
insistem em trazer ao presente, veredas e andarilhos. Por
isso, escrevo. Não evito dialogar com aquilo que, mesmo
morto, insiste em se manter tão convincente que vive. É
estranho, qualquer modo de evitação. A lógica da fuga é tão
mordaz. É semelhante a um copo cheio, que nos convence
que sempre cabe mais um pouco, e, então, transborda.
Talvez, nos queira lembrar, que a gente necessita por sobre
a mesa, a consciência do momento exato, no qual não se
pode mais fingir. É quando os limites de nosso tamanho, não
mais comportam o conteúdo, nem somas de ingredientes
novos, daquilo que nos permitimos abrigar em nosso
mundo interior.
O eco do teu nome, esconde-se no sol que chega. É vazio!
Aracaju, 26 de abril de 2020