Page 21 - Quando chegar a primavera
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                                                                 m lugar de decisiva posição, Afonso de Sena, sempre colidia com


                                                      as decisões de Claudio Ferraz. Nada em desacordo com sua natureza

                                                      lupina.  Espreitava,  desde    sempre,  ocupar  o  lugar  de  destaque  nas


                                                      empresas  da  família  Bolton.  A  satisfação  era  destruir,  sem  pena,  as


                                                      conquistas  e  garantias  obtidas  em  prol  das  empresas.  O  sonho  era


                                                      somar-se,  em  conúbio  de  partilha  de  bens  e  posses,  com  a  recém-


                                                      nascida Flávia. Pagaria o preço necessário para cumprir seu intento. A


                                                      diferença de idade, não seria empecilho algum, porque o predomínio

                                                      era  o  interesse  em  fortuna  fácil.  E,  mesmo  com  avançada  idade,  era


                                                      preciso garantir aos seus filhos, promissor futuro.





                                                          Por outro lado, Claudio Ferraz não imaginava sequer a pretenciosa


                                                      empreitada.  Nas  sombras  de  Afonso  de  Sena,  uma  legião  de  trinta

                                                      sequazes  oportunistas,  obtinham  vantagem  por  meio  de  desvio,


                                                      sorrateiramente  ocultado  pelo  infeliz  avarento.  Difícil  mesmo  era  ter


                                                      conseguido manter por três décadas, soma paralela de dinheiro, fruto


                                                      de  desvios,  minimamente  arquitetados.  Ao  longo  do  tempo,


                                                      demonstrou-se sagaz na cópia idêntica da assinatura do Senhor Edison


                                                      Bolton.  Conquista  burlesca  alcançada,  desviava  a  atenção  de  todos,

                                                      com prestimosa campanha de arrecadação de pecúnia, sob forma de


                                                      pequenas  doações  que,  aliás,  não  chegavam  em  sua  totalidade  ao


                                                      conhecimento e registro contábil de Claudio. Dito mais uma vez: Afonso


                                                      de Sena era ágil raptor, contrabandista de confiança e sepulcral infame,


                                                      em inveja e dissimulação.




                                                              Em  manhã  acolhedora,  nas  vésperas  natalinas,  acorrentado  por


                                                      forças  invisíveis  de  gravíssimo  desvio  moral,  passou  a  acompanhar,


                                                      minuto  a  minuto,  as  ações  do  Senhor  Edison  Bolton.  Pessoalmente,


                                                      assumiu  desde  o  agendamento  de  reuniões  com  fornecedores,  os


                                                      novos acordos contratuais, até a dedicada atenção de servir-lhe copos

                                                      de refrescante água, a mitigar sede. O Senhor Edison, pouco a pouco,


                                                      foi  se  acostumando  com  os  gestos  sombrios  do  colega  de  trabalho,


                                                      demonstrando reverência e agradecimento, como se faz entre os ami-
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