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Autoconhecimento


            A minha vida neste último ano não foi nada do que eu estava à espera. Pensei que os meus 17 anos

         seriam resumidos em festivais, festas, amigos e novas pessoas, no entanto passei a maior parte do meu
         último ano antes da idade adulta em casa.

            Antes do confinamento tinha uma rotina cheia. Acordava às seis e meia da manhã, ia para a escola de
         onde só saía a meio da tarde, depois estudava um pouco no trabalho da minha mãe antes do treino de
         voleibol, o treino só acabava às 22 horas o que fazia com que eu chegasse a casa por volta das onze da
         noite; isto durante a semana. Aos fins de semana tinha sempre pelo menos um jogo. O confinamento
         começou uma semana depois da minha festa de aniversário e ao princípio a ideia de estar fechada em

         casa durante duas semanas não me agradava, sempre fui uma pessoa com uma rotina, com os dias
         cheios sem tempo para parar e rodeada de outras pessoas, agora tinha de ficar em casa com a minha
         mãe. De certa forma, sempre vivi consoante o meio que me era apresentado, então foi exatamente isso
         que fiz e cumpri as ordens do confinamento que de duas semanas passaram a três meses.

            Como filha única vi-me rapidamente aborrecida; depois de muitos filmes, várias séries, desafios culiná-
         rios e uma tentativa de treinar em casa não sabia mais o que fazer e assim o primeiro mês resumiu-se
         em tédio. Porém, o segundo mês fez-me perceber que a minha rotina antes do confinamento não me
         possibilitava um momento sozinha, no qual podia refletir sobre o meu dia ou as minhas ações, e então
         apercebi-me de que ainda não me tinha encontrado, não sabia quem era nem quem queria ser, mas
         com todo este tempo livre decidi ir à procura.

            Comecei a minha jornada de autoconhecimento para melhorar a minha relação comigo própria e tam-
         bém a minha relação com outros. A meditação foi o primeiro passo: respirar fundo, fechar os olhos, dei-

         xar que a mente deambule, e ter noção dos sons e do espaço que me rodeiam tornou-se uma ótima ma-
         neira de começar o meu dia. Depois fui questionando as minhas atitudes, se estas iam de acordo com
         as minhas intenções, como é que as outras pessoas as interpretariam; mais tarde também refleti sobre
         as minhas emoções, medos, crenças, gostos e valores. Depois desta reflexão consegui ter uma melhor
         noção de quem era e quais os meus defeitos e qualidades, e aceitá-los.

            Obviamente ainda não me conheço a cem por cento e irei mudar durante o percurso da minha vida,
         mas sinto que agora existe uma parte de mim que tem mais consciência de si e dos seus atos e que se
         responsabiliza. Apesar de todos os pontos negativos que esta pandemia trouxe, acredito que para mim
         veio na altura perfeita, consegui descobrir uma paixão que não sabia que tinha (a arte), estabelecer uma
         rotina mais saudável e focar-me em mim.


            A lição que estes tempos difícil me deram foi que antes eu simplesmente existia, não aproveitava real-
         mente as coisas e era imprudente, agora o meu objetivo é viver a vida aproveitando cada momento, seja
         ele mau ou bom, e demostrar às pessoas de quem gosto o meu amor por elas porque não sabemos o
         dia de amanhã.

                                                                                   Mariana Pina, n.º 19,12.º CT2









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