Page 11 - Cassandra
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FELICIDADE
E
screver sobre medos é fácil, há tanta coisa que me as-
susta. Tenho medo de sofrer e de falhar. Tenho medo de tudo
M A R I A M E L O
o que me possa fazer feliz, pela simples possibilidade de poder
acabar e me fazer miserável. Tenho tantos medos. Mas, e so-
nhos?
Há quem sonhe com ter filhos ou em ser diretor de um
hotel. Eu não sei. Acho que não tenho nenhum sonho em espe-
cial. Se calhar isso é um bocado triste, mas não me incomoda.
Podia ser pior. Eu só quero ser feliz e, sim, já sei que isso é
muito cliché, mas não é isso que todos queremos?
Para mim, sonhos possíveis não são sonhos, mas objeti-
vos e, por isso, os sonhos que tenho são impossíveis. Quero
saber como é ser o mar, ter todo um mundo dentro de mim e
sentir-me a rebentar contra as rochas. Quero saber como é ser
o vento, mais livre é impossível. E quero saber como é ser o
fogo, tão quente e cheio de vida. Mas, se eu fosse o mar não
podia senti-lo entre os meus dedos, nem podia nadar nele. Se
eu fosse o vento, não podia senti-lo na minha cara. E, se eu
fosse o fogo, não podia ver o quão belo pode ser algo que é tão
perigoso.
Por isso, contento-me com o que é possível. Quero
amar alguém e dar a volta ao mundo com essa pessoa. Quero
nadar em todos os oceanos e aprender a pilotar um avião. Não
quero ficar parada quando há tanto para descobrir. Não quero
fazer planos com a minha vida, gosto de descobrir as coisas a
seu tempo e, por isso, vou fazer o que quiser quando me ape-
tecer.
Penso que tudo é mais divertido quando não há planos,
por isso, não os vou fazer. A diversão é meio caminho andado
para a felicidade. E oh! Como eu sou feliz!
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