Page 33 - Cassandra
P. 33
M I G U E L M A U R I T T I
ÍCARO O ALADO A MORTE DE APOLO
Voa, meu Ícaro, vá, bate tuas asas Poderá o dia não reaparecer?
Quebra as leis deste universo que te prende Está Apolo morto e crucificado?
Agora sobre o azul oceano rasas Estará condenado a definhar, morrer?
E o fogo humano ainda mais acende Deixaram assim o Homem condenado?
Tu já és o novo herói da Humanidade Lembra-me o luminífero sol no rosto
Levas firmemente a nossa tocha eterna E o sabor de pêssegos primaveris
És forte, livras-nos da servil humildade E o assar de castanhas em fogo posto
Acordas o nosso orgulho que hiberna Ter Terra e Céu unidos sob o arco-íris
Ó meu doce Ícaro, eu vi-te erguer Mas esses sete não brilham com o luar
E sob áureo Apolo resplandecer E mesmo Diana está algo fraca agora
E vi como do Céu tua cera chovia E as estrelas se recusam a brilhar
Enquanto às ondas caías, eu lá sorria Nevoeiro bloqueia a vista do de fora
Porque apesar de teu corpo ir quebrar E em lágrimas meu próprio ser assolo
Para os meus olhos estarás sempre a voar Como eu te choro, ó meu belo Apolo!
32

