Page 37 - Cassandra
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     M A R G A R I D A   B A P T I S T A
                                      À ESPERA DO FEITIÇO  DO SONO
                        Nas terras de além-mar,                            Esperando os donos da terra,
                          Dormem os sonhos e                     Esperando os corpos invisíveis para as reclamarem.
                         Nascem as areias, que,                            Esperam até às montanhas,
                        Transformadas em relva                             Esperam até à noite sombria,
                          Pelo feitiço do sono,                            Esperam até à fuga da nau,
                           Crescem, crescem,                                Que ameaça a sua partida.
                    Até sufocar o inimigo do medonho.
                                                                         O espaço vazio assim permanece,
                       Espaços vagos preenchidos                               Invisível, disforme.
                         Por formas disformes,                         Conta a história da dor, do abandono,
                           Cadeiras sentadas,                               Da dolorosa triste morte.
                            Camas deitadas,
                   Na terra onde reina o feitiço do sono.                       Morte do tempo,
                                                                                Morte do sonho,
                      Reina o feitiço e, ainda assim,                           Morte do feitiço.
                  Todas as noites o sono chega roubado.             O feitiço do sono que está a deixar de reinar
                   As camas vazias, as poltronas vagas,                    Lá nas terras de além-mar.
              Esperando os corpos invisíveis para as ocuparem.
                      As colunas brilham, vigilantes,
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