Page 36 - Cassandra
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M A R G A R I D A   B A P T I S T A





                                               A BELEZA DO MAR


                           O mar, no fundo,                              Simplesmente ninguém o satisfaz.
                       Nos sítios mais profundos,                          Ninguém ou nada ou move,

                    Esconde os segredos e a profecias                     Este, que está sempre a soprar,
                        De profetas e humanos,                          Não tem piedade e nada o comove,
                          A beleza e feitiçarias                     Apenas serve o que o seu humor mandar.

                       De feiticeiros e mundanos.
                                                                        Esta é uma comparação contrária:

                           Esconde e revela,                          Barcos e navios, borboletas e mariposas,
                            Mostra e retira.                               Mares e ondas, ares e ventos.

                      O mar, o oceano, a água é bela                          Há beleza em todos,
                       E, no entanto, a beleza tira.                       Temporária ou persistente,

                                                                            Efémera ou para sempre.
                      Barcos, marinheiros, animais,                           Há perigo, há medo,

                     Algas e todos os seus habitantes,                       Há felicidade, há alegria,
                       Sim, porque um marinheiro                     Há de tudo um pouco, um pouco de tudo,

                          É habitante do mar,                              Na mais pequena borboleta,
                   Mesmo que em terra seja adjuvante.                       E na onda menos discreta.


                A beleza das borboletas, mariposas, lagartas,                 Decide o observador

                   É das mais efémeras que dá o tempo.                           O que é o quê
                   A beleza do mar, da água, das ondas,                    Mas apenas para ele mesmo,
                       É capaz de ser para sempre.                            Pois outro admirador

                                                                             Nunca achará o mesmo
                       Beleza na sua pacificidade,

                        Beleza na agressividade,
                        Beleza na alterabilidade,

                     Beleza até à maior profundidade.


                       Beleza que vem com terror,
                         Beleza que tem medo,

                      Beleza que vem com coragem,
                       Beleza que causa miragem,

                O ar, que sopra nas asas, nas velas de ambos,
                        Não serve de juiz capaz.
                      Não é imparcial nem parcial,



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