Page 28 - Cassandra
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A PRIMEIRA VEZ QUE T E VI
M A R I A M E L O
Q tempo? Ter tanto em comum sem ter nada a ver?
uando te vi pela primeira vez, pensei que o coração
me ia saltar do peito. Senti borboletas ainda antes de sa- Por vezes, quando estou na rua, sinto o teu cheiro,
ber o teu nome. Sempre disse que não acreditava em olho à volta e não estás lá, parece tortura. Onde andas?
amor à primeira vista, mas então, o que era aquilo? Tenho saudades tuas, vejo-te em todo o lado sem nunca te
Agora sei que não era amor. Mal falámos nessa ver.
noite, mas todos sentiram a química que havia entre nós, Foste embora tão depressa. Odeio-te. Quando
os nossos amigos não paravam de se meter connosco. Era voltas?
só isso, não era? Química, as hormonas que não deixam
os adolescentes em paz. O raio das hormonas. Pensei em ti
todos os dias durante um mês e, quando já estava a perder
a esperança, tu apareceste. Onde andaste?
Senti exatamente a mesma coisa. Só te queria to-
car, sentir os teus lábios nos meus. Sempre que te ias em-
bora, eu só queria que voltasses. E tu voltavas, mas não
quando eu queria. Porque é que estava a sentir isto? Não
fazia ideia do que estava a sentir. Na verdade, ainda não
sei e muito sinceramente acho que nunca vou saber.
Quando finalmente aconteceu, eu não queria des-
colar os meus lábios dos teus, demorou tanto tempo e
depois foi tão rápido. O que foi que nos aconteceu? Odeio
deixar as coisas a meio, mas foi assim que ficámos e agora
nunca mais te quero ver, porque sei que vou sentir o mes-
mo. As nossas oportunidades foram sempre nas alturas
erradas. Ou então não, se calhar nós somos errados.
Quem é que nos diz que devíamos estar juntos? Como é
que alguém pode estar tão longe e tão perto ao mesmo
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