Page 43 - CIBERCULTURA: LINGUAGEM, LÍNGUA E VARIAÇÃO
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No atual contexto da cibercultura, a língua expressa o atual momento da
sociedade. A vida corrida e agitada da modernidade tem exigido uma comunicação
ágil e enxuta, o que tem levado os usuários das redes digitais optarem por uma
linguagem, simples, descomplicada e reduzida. Esse fenômeno vai gerar mudanças
na forma de comunicar, interagir e na produção de discursos.
Para Benveniste (1966 apud BRANDÃO, 2003), “o que transforma a língua
em discurso é o ato de enunciação – ato pelo qual o sujeito falante se apropria do
aparelho formal da língua. Todo ato de enunciação supõe, portanto, um trabalho
individual de conversão da língua em discurso por um processo de apropriação”.
Observemos a publicação abaixo:
Nessa postagem do Facebook, notamos como a história dos familiares é
importante, como a fala do usuário demonstra seu desejo em homenagear aqueles
que lhe são caros. As escolhas linguísticas deixam claro a identidade do falante,
visto que ele faz opções pela abreviação e encurtamento de várias palavras. Nesse
sentido, podemos identificá-lo como membro de um grupo social inserido em uma
comunidade global em que tudo é muito rápido e ágil. Portanto, ao escrever é
necessário fazer economias linguísticas, atalhos silábicos para que a comunicação
seja efetivada de um modo mais rápido e atinja seu objetivo com mais velocidade.
Desse modo, notamos a Língua Portuguesa sendo utilizada de forma
diversificada nas redes digitais, ora para expor determinados pontos de vista,
visões de mundo, opiniões, ora para expressar sentimentos, vontades e desejos,
etc. Como ela retrata o modo de vida, a cultura de uma coletividade, é natural
acontecerem variações, encurtamentos e economia linguística, resultando no que
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