Page 41 - CIBERCULTURA: LINGUAGEM, LÍNGUA E VARIAÇÃO
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Observemos o trecho abaixo, retirado do Facebook:
Analisando o trecho acima, nota-se que o jovem ao realizar a postagem faz
escolhas linguísticas que vão identificá-lo como membro de um grupo social. Ao
abreviar a palavra “você”, ele intuitivamente suprime as vogais, retomando um
processo de economia linguística utilizada no surgimento da escrita alfabética.
Também se identifica como um jovem que sabe como utilizar a linguagem das
redes sociais para se comunicar. Podemos verificar que, através do seu dicurso e
de sua formação ideológica e discursiva, cada integrante da sociedade se delineia
em um campo enunciativo em que o dizer não é propriedade particular, ou seja, as
palavras não só apenas dos falantes. Elas possuem significados pela história e pela
língua. O que nos leva a deduzir que há uma relação entre o “já dito” e o que se
está dizendo, ou seja, existe um inconsciente linguístico que, segundo Lacan (apud
MUSSALIN, 2001, p. 107),
se estrutura como uma linguagem, como uma cadeia de significantes latente
que se repete e interfere no discurso efetivo, como houvesse sempre, sob
as palavras, outras palavras, como se o discurso fosse sempre atravessado
pelo discurso do Outro, do inconsciente.
Notamos que nesse inconsciente existe subentendido nas palavras do
enunciador o discurso dos irmãos, de outros integrantes da família e de outros
membros do agrupamento social do qual o indivíduo faz parte. Esse discurso então
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