Page 42 - CIBERCULTURA: LINGUAGEM, LÍNGUA E VARIAÇÃO
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o define, caracteriza-o como integrante do grupo, como membro efetivo e lhe dá

             uma identidade incontestável. Ainda, para Lacan (apud MUSSALIN, 2001, p. 107),

             “o  conceito  de  sujeito  é  definido  em  função  da  relação  que  mantém  com  o

             inconsciente, com a linguagem, portanto, a linguagem é condição do inconsciente.”
             Essa relação estreita entre o sujeito e o Outro, linguagem e inconsciente se apóia

             na condição binária, sobre a qual Jakobson (1997 apud MUSSALIN, 2001, p. 109)

             explica: “segundo a qual um remetente, ocupando uma posição inicial no processo

             de  comunicação,  coloca-se  em  relação  comunicativa  com  um  destinatário,  que

             ocupa uma posição terminal no sistema de comunicação.”

                     Nesse  mecanismo  de  comunicação,  há  um  intervalo  e  nesse  intervalo
             emergem  as  palavras  do  outro,  em  relação  às  quais  o  sujeito  se  define,  se

             caracteriza,  ganha  identidade.    A  respeito  da  identidade  do  sujeito,  Rajagopalan

             assevera que



                                  A  identidade  de  um  indivíduo  se  constrói  na  língua  e  através  dela.  Isso
                                  significa  que  o  indivíduo  não  tem  uma  identidade  fixa  anterior  e  fora  da
                                  língua. Além disso, a construção da identidade de um indivíduo na língua e
                                  através dela depende do fato de a própria língua em si ser uma atividade em
                                  evolução  e  vice-versa.  Em  outras  palavras,  a  identidade  da  língua  e  do
                                  indivíduo têm implicações mútuas (RAJAGOPALAN, 1998, p. 41-42).



                    Podemos  verificar  que  a  identidade  do  sujeito  é  construída  por  meio  da

             língua. Pela língua ele se identifica, constrói relações, comunica, aprende, ensina e

             elabora  seu  discurso.  O  discurso  acontece  sempre  no  interior  de  outros  outros

             discursos, com os quais o falante estabelece relações, desperta a memória coletiva
             e produz sentido, e esse está inserido em um momento histórico.

                    O  discurso  de  quem  fala  é  constantemente  atravessado  pela  história,  pela

             vida, pela fala dos familiares e pelo contexto em que esse é produzido. O discurso é

             uma  prática  social  de  produção  de  textos,  isto  é,  uma  construção  social,  nunca

             individual,  e  que,  para  ser  analisado,  é  necessário  levar  em  consideração  o
             contexto histórico-social e as condições de produção.



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