Page 40 - CIBERCULTURA: LINGUAGEM, LÍNGUA E VARIAÇÃO
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Observe como os usuários dessa rede social fazem uso de abreviações e a
comunicação atinge normalmente seu objetivo, que é comunicar, expressar um
ponto de vista, um desejo, o sentimento de felicidade, expressar a alegria de um
momento, ou ainda homenagear alguém. É notório que todo ato de fala é carregado
de intencionalidade, de valores, de posicionamentos discursivos, que expressa a
identidade do falante. Fiorin assevera que
Não existem ideias fora dos quadros da linguagem, entendida no seu
sentido amplo de instrumento de comunicação verbal, ou não – verbal, essa
visão de mundo não existe desvinculada da linguagem. Por isso, a cada
formação ideológica corresponde a uma formação discursiva, que é um
conjunto de temas e de figuras que materializa uma dada visão de mundo
(FIORIN, 2001, p. 32).
Essa formação ideológica, bem como a formação discursiva são construídas
por cada membro de um determinado grupo social ao longo do processo de
aprendizagem do código linguístico. Assimilando esse código é que o ser humano
constrói seus discursos, depreende sua formação ideológica, assimila a identidade
cultural do grupo em que está inserido e reage aos acontecimentos
linguisticamente. Por isso, Fiorin (2001, p. 32) afirma que “o discurso é mais o lugar
da reprodução que da criação”, pois, para ele, assim como uma formação
ideológica impõe o que pensar a cada membro de determinado grupo, a formação
discursiva determina o que dizer, para se caracterizar como um dos participantes
daquele grupo.
Gregolin (2005, p. 159) assevera que isso torna possível enxergar, na
dispersão de enunciados, certas regularidades nos acontecimentos discursivos,
pois toda massa de textos que pertence a uma mesma formação discursiva insere-
se em um campo em que podem ser estabelecidas identidades formais,
continuidades temáticas, translações de conceitos, jogos polêmicos, segundo
regras específicas das práticas discursivas de um certo espaço e tempo.
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