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Calculou acertadamente que mesmo estando tão profundamente perturbado,
                      Jacques não o agrediria, ao menos não imediatamente.


                      Era um risco bem calculado porque Jacques, jovem, forte, no auge do seu
                      desenvolvimento e estando em plena forma, poderia machucá-lo com enorme
                      facilidade, mas Victor acreditava que o que tinha a dizer iria detê-lo, além de
                      magoá-lo enormemente. Mas, ainda assim, era algo que precisava ser dito.

                      Havia mágoa também na voz de Victor quando ele falou. Uma mágoa que
                      nem  mesmo  ele  sabia  ser  capaz  de  sentir  por  estar  prestes  a  ferir  tão
                      terrivelmente outro ser humano.

                      “___Você não pode ir atrás dela Jacques. Não pode. Não deve. Isabeau se casou
                      com outro homem. Ela está casada há pouco mais de uma semana agora.”


                      Esta revelação teve o poder de fazer Jacques parar imediatamente. Como se
                      de repente a alma lhe tivesse sido roubada. Como se qualquer força que ainda
                      pudesse  ter,  lhe  faltasse.  E  então  aconteceu  um  silêncio  mortal,  para  em
                      seguida,  vindo  do  lugar  onde  ele  estava,  o  barulho  da  pesada  mochila  se
                      esparramando sobre o chão, largada de repente, como se subitamente tivesse
                      ficado insuportavelmente pesada.

                      Além disso, só o olhar dele. Os olhos muito negros, expressivos onde se podia
                      ler sua alma normalmente muito sensível e que por um milésimo de segundo
                      adquiriu um brilho meio insano, mas que logo se transformou na expressão da
                      mais completa desilusão, semelhante às expressões que Victor vira no olhar
                      de alguns homens vitimados por incomensurável injustiça humana.

                      Jacques não fez um único som, apenas foi se afastando da porta para dentro
                      do quarto, andando de costas, até sentir o obstáculo da cama e então se deixou
                      cair pesadamente e ficou ali, olhando para muito longe através de Victor.

                      Compreendendo que o melhor que poderia fazer por ele seria deixá-lo em paz,
                      o Gatopardo puxou a porta do quarto para fecha-la atrás de si, para deixar
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