Page 238 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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Avaliando o olhar de Odaye Therak, Cesar percebeu com absoluta clareza que
a mente por trás daqueles olhos era lúcida e enormemente inteligente.
Calculista, científica, uma mente que não admitiria brincadeiras ou
barganhas.
Cesar se mantinha calmo, mas era impossível ignorar as garras assustadoras
que terminavam as mãos do ser alado e que se não pelas unhas enormes e
seguramente cortantes como afiadíssimas navalhas, seriam incrivelmente
iguais às mãos humanas.
Odaye Therak com tais garras, com toda sua força e sua figura intimidante de
dois metros de músculos poderosos, impunha-se a Cesar exigindo a resposta à
sua pergunta.
Mas, só talvez, existisse uma pergunta exigindo uma resposta. Era apenas
uma possibilidade.
Cesar pensou que podia escolher o que era real ou imaginário em tudo aquilo
e na hipótese de escolher que estariam mesmo à mercê de um ser alado
intimidador por sua força incontestável e por suas mãos em forma de garras
poderosas e que tal ser, lhe tivesse feito realmente uma pergunta, a qual,
portanto, precisava ser respondida, então, ...em decorrência desta escolha
seria preciso se reconhecer encurralado, porque Cesar descobriu espantado e
alarmado, que não sabia realmente o que responder.
Fiel ao compromisso com a sinceridade, Cesar pensou que houve um tempo
em que fora um ser humano, um homem, como todos os homens do seu tempo
e lugar. E tão confiável quanto podem ser os seres humanos o que
verdadeiramente, é preciso que se diga, não é muito.
Pausou seus pensamentos e observou os alados tentando perceber-lhes as
reações, sabendo ou imaginando que os seres captavam claramente todas as
ideias que lhe vinham à mente. Mas como máscaras imutáveis os rostos
aquilinos não transpareciam nada.