Page 233 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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farrapos de películas úmidas a se refletirem em formações fantásticas
espalhadas aqui e ali sobre o piso, paredes e teto. E em suas andanças entre
os paredões de pedra chegaram ao patamar na mais alta montanha, onde,
agora ocultos por um vão escuro, Cesar e seus amigos observavam Odaye
Therak.
E Odaye Therak era um ser alado.
Ele estava solitário naquela espécie de varanda que se estendia quase três
metros além dos limites da caverna em que habitava e suportava a longa
espera distraindose a observar a própria sombra projetada sobre o piso de
rocha bruta.
Os raios do sol, minimamente deslocados da posição em que marcariam
exatamente o meio do dia, faziam sua sombra achatar-se até se parecer à
silhueta de um tronco compacto, com um penacho cômico se erguendo do alto
da cabeça e com a protuberância escura do contorno do dorso onde lhe
nasciam as asas.
Do local próximo, camuflados entre os vãos da rocha, Cesar, Loop e Mahoo
espreitavam o ser magnífico e comparavam às deformações ilusórias da
sombra sobre o piso de pedra aos atributos do ser real.
Racionalizavam o próprio espanto classificando Odaye Therak como um
homem com asas e Cesar reconhecia que tal descoberta ameaçava encher de
significado a sua vida até ali considerada injustificável, mas agora na
iminência de se justificar.
A isso, seguiu-se o raciocínio de que classificar o ser alado como um homem
com asas seria rigorosamente errado, porque nada autorizava afirmarem que
aquele indivíduo extraordinário seria de fato um ser humano do sexo
masculino portador de uma mutação fantástica, embora a comparação fosse
compreensível, dadas às similaridades nas aparências.