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Foi ao enterrar sua família vítima da epidemia que se esparramava por toda
                      a região da sua cidade natal, que Cesar se fez vulnerável à insanidade que um
                      dia  iria  se  apossar  da  sua  consciência  e  da  sua  alma,  lenta,  mas
                      inexoravelmente.


                      “_Afinal o que mais poderia fazer?”

                      Como responder de forma minimamente coerente ao fantasma de si mesmo
                      que escarnecia do seu sofrimento por amar uma família que sempre estivera
                      ao alcance do seu amor e mais do que isso, ansiando por esse amor, e que ele
                      não se dignara aceitar como humana e, consequentemente, cheia de defeitos?

                      Como encarar o espelho que refletia uma face em que as lágrimas borraram as
                      linhas  até  transformá-la  numa  espécie  de  máscara  em  que  apareciam
                      marcadas  as  provas  de  cada  uma  das  suas  falhas  como  ser  humano
                      monstruosamente egoísta, e que se ia enfeiando mais e mais com os sucessivos
                      pecados  e  crueldades  e  julgamentos,  num  arremedo  pobre  do  castigo
                      idealizado por Oscar Wilde ao seu famoso personagem? Como responder ao
                      rictus cruel do fantasma espantalho no espelho, que repetia sempre a mesma
                      pergunta como uma infindável ladainha?


                      “_Mas afinal o que você esperava?”

                      Incorporou-se da sua tragédia.

                      Ao  mesmo  tempo,  conscientemente  abdicou  completamente  do  amor  em
                      todas as suas formas. Compreendeu que era o que lhe restava porque toda sua
                      tolice em julgar sua família ao invés de tentar apenas amá-la o havia feito um
                      não merecedor do amor. E não pela fatalidade do desencanto que o alcançava,
                      como se acostumara a pensar, mas por ser deixado pelo amor muito antes de
                      se reconhecer desiludido.

                      Muito antes de se perceber esvaziado da paixão, nos primeiros vislumbres da
                      possibilidade de um amor mais profundo e verdadeiro e generoso, Cesar se
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