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Para  Cesar,  esse  assunto,  todo  misticismo  envolvido,  as  sensações  que  o
                      esmagavam durante os sonhos em que invariavelmente caia no precipício sem
                      fim,  envolvido  pelo  som  ecoante  do  grasnar  do  Condor  com  notas
                      profundamente tristes e vibrantes que lhe devassavam a alma, começou a ser
                      uma obsessão.


                      Rapidamente se extinguia qualquer mínima possibilidade dele recuperar a sua

                      paz. Já não conseguia se concentrar em mais nada.

                      Começou  a  escrever  textos  após  textos  em  que  a  situação  mágica  se
                      desenrolava e a cada vez o final era mais trágico, mais terrivelmente triste e
                      definitivamente cruel.


                      Ouvia o grito da ave de rapina, sentia sobre a face seu hálito quente, era
                      envolvido  pelo  farfalhar  e  pelas  asas  enormes,  agitadas  que  lhe  batiam
                      incansavelmente no rosto.

                      Reproduzia sem parar as notas do grito ecoante como se o estivesse escrevendo
                      sobre  uma  escala  musical.  Com  pequenas  alterações  a  cada  nova  escrita,
                      alguma pequena coisa aqui e ali. Fazia-o mais estridente, ora mais grave, ou
                      mais insuportavelmente longo, sem fim, fiel a sua agonia.

                      Uma agonia que acabava sempre com seu corpo se despedaçando no fundo
                      rochoso  e  escuro  do  abismo.  Sempre  e  sempre,  numa  repetição  infinita  e
                      angustiante a renovar o pavor, o medo e a perda da sua vida.

                      E  Cesar  reconheceu  que  esse  fim  do  qual  não  conseguia  fugir,  acontecia
                      inevitavelmente pela simples, cruel e inequívoca razão de haverem cortado
                      suas asas.


                      Isabeau jamais saberia, mas sua decisão de ir ficar algum tempo morando com
                      seu tio avô, Cesar Ninan, em Roma, contribuiu para a síncope que vinha se
                      formando nele. Em seu espírito perturbado.
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