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Deveria ser uma cópia exata e sem nem uma mínima alteração em relação ao
seu modelo. E isso era assim há dez mil anos, sendo confeccionado a cada
geração e tão somente pelos herdeiros da sabedoria runa, os mágicos feiticeiros
dos Andes.
Cada khipus servia de modelo para o próximo e era guardado como objeto
sagrado até que a deterioração pela passagem do tempo indicasse a
necessidade de confeccionar-se o novo.
Então, o herdeiro ou herdeira runa mais habilitado, era encarregado da tarefa
e sob a supervisão dos anciãos e dos sábios e líderes das tribos copiava, no
novo khipus, cada uma das centenas de informações constantes no antigo e
apresentava ao povo o objeto sagrado renovado.
Havia tanta preocupação com a exatidão das informações que vários grupos
de pessoas das tribos, com alguma ascensão social, encarregavam-se de fazer
a conferência de cada pequeno nó e aglomerados de nós, cada laçada, cada
nuance de cor, cada pequeno objeto a compor os vários cordões do khipus
novo, comparandoo ao modelo, o qual ficaria guardado num templo de pedra,
protegido das intempéries, ao lado do lugar onde seria mantido, para
veneração, o novo khipus. Para que se pudessem consultar as informações e
fazerem-se comparações a qualquer tempo. Até que naturalmente o antigo
objeto se transformasse em pó.
Para cada uma destas etapas da confecção do khipus havia cerimônias e
rituais a serem observados e os herdeiros runas deveriam se encarregar da sua
correta execução. Um sem fim de reuniões e visões e rezas e oferendas e
peregrinações, repetidas exaustivamente, geração após geração.
Até finalmente estarem na época e no momento em que as cinco situações
coincidentes e consecutivas criariam a condição para o fenômeno astronômico
que desencadearia um calor muito grande nas montanhas Andinas a ponto de
se derreterem a quantidade necessária das neves eternas nos topos das
montanhas para acontecerem às enchentes excepcionais.