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A enormidade do número de mortos era aterrorizante e dimensionava o
tamanho da tragédia. Estampou as manchetes pelo mundo afora, horrorizou
e paralisou ações, calou argumentos e fez todos sentirem muito medo. Para
preservar todas as ações legais e os julgamentos e para salvar da
desmoralização completa o nome da cidade e para salvaguardar as boas e
inocentes pessoas que viviam e trabalhavam na região das pimenteiras, para
que pudessem seguir com sua forma de vida, as terríveis revelações sobre as
torturas em crianças com a suprema loucura das práticas para mumificação
em vida foram mantidas em severo sigilo.
E tão monstruosos e assustadores eram os fatos que mesmo os mais frios e
empedernidos repórteres e senhores da comunicação pareceram compreender
que ali havia um limite o qual não deveriam cruzar.
Surpreendentemente essa parte tão terrível de todo o episódio Yana foi
tratada como um assunto regional. Sobre esse horror, todos concordaram que
seria melhor calar e deixar as autoridades cumprirem suas obrigações,
concluírem, imparciais, seu trabalho.
E o tempo provou que foi uma decisão sábia porque o que foi divulgado e
alardeado pelos quatro cantos do mundo foi suficiente para envolver o planeta
numa terrível sensação de que coisas assim poderiam se repetir a qualquer
momento, vindas de qualquer parte e por qualquer motivo, afinal não havia
lógica nenhuma naquilo. Cresceu e se espalhou um medo difuso e por isso
mesmo mais apavorante. As pessoas faziam suposições, análises, tentavam
entender e achar uma razão, uma explicação e então faziam projeções de uma
tragédia ainda maior, possível, porque o número de mortos poderia ter sido
facilmente o dobro se não pela ação corajosa de Jacques e Hakan que
libertaram a maioria das crianças e das mulheres, além de impedirem os
homens das tropas da segurança nacional de entrarem desavisados nos salões
com o ar envenenado.