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Tem para ela um éter vital apropriado. Uma civilização em declínio
(corno a civilização alexandrina) e uma falta de civilização (como a nossa)
não a tornam impossível. O conhecimento é bem um substitutivo de
civilização.
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Os eclipses, por exemplo na Idade Média, são realmente períodos
de saúde, como tempos de sono para o gênio intelectual do homem?
Ou esses eclipses são o resultado de desígnios superiores? Se os
livros têm seu destino, pode-se também considerar o declínio de um livro
como um destino dotado de algum desígnio.
Nossos desígnios nos põem em confusão.
90
No filósofo, a atividade continua sob a forma de metáforas. O
esforço de dominação unitária. Toda coisa se esforça até o
incomensurável; na natureza, o caráter individual raramente é fixo, mas
ganha sempre mais terreno. A questão da lentidão ou da rapidez é
altamente humana. Quando voltamos os olhos para o infinitamente
pequeno, todo desenvolvimento é sempre um desenvolvimento
infinitamente rápido.
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Como a verdade tem importância para os homens! É a vida mais
elevada e mais pura possível a de possuir a verdade na crença. A crença na
verdade é necessária ao homem.
A verdade aparece como uma necessidade social: por uma
metástase, ela é em seguida aplicada a tudo, mesmo onde não é necessária.
Todas as virtudes nascem de necessidades. Com a sociedade
começa a necessidade da veracidade, senão o homem vive em eternos véus.
A fundação dos Estados suscita a veracidade.