Page 33 - Leandro Rei da Helíria
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poente e entras pelo caminho que ladeia o bosque. Ao passares pela última árvore do bosque avistas
uma montanha. Atravessas a montanha - o meu reino é no vale. Como vês - não há nada que
enganar.
BOBO: Estou a ver... estou a ver...
REI: Em toda a parte há grades, ciladas, injustiças...
PASTOR: Então?
BOBO (indeciso): Não sei. (Para o rei) Que dizes, senhor? Queres arriscar?
REI (como se despertasse de um sono): O quê? Que me queres? Onde é que elas estão?
BOBO: Ai senhor, senhor, a confusão que vai nessa cabeça...
REI: Que dizias tu?
BOBO: Nada, senhor. Dizia que a tempestade amainou, e que vai sendo tempo de nos pormos a
caminho. (Para o pastor) Ora repete lá, mas devagarinho, que eu não tenho a cabeça da tua
Briolanja...
PASTOR (devagar): Tomas o caminho que leva à encruzilhada dos álamos.
BOBO (repetindo, para fixar): ... encruzilhada dos álamos.
PASTOR: ... viras-te para sul.
BOBO: ... para sul...
PASTOR: ... e tomas a estrada... (a luz vai diminuindo à medida que ele explica, e incide depois sobre
a cena seguinte, de novo no palácio de Violeta)
Cena VII
Pastor, Violeta, Reginaldo
PASTOR: É por isso que eu digo, senhora, que não tardam aí! Tão certo como eu me chamar
Godofredo Segismundo!
VIOLETA (olhando para Reginaldo): Chegou a nossa hora. Ah, o que eu esperei por este dia!
PRÍNCIPE REGINALDO: Violeta, pensai melhor! Tudo se passou há tantos anos! Éreis então uma
jovenzinha, magoada pela ingratidão de vosso pai. Hoje sois a senhora deste reino, sois mãe de
filhos... Desisti da vossa ideia!
VIOLETA: Senhor, tenho sido sempre uma esposa leal e obediente. Mas agora não irei aceder ao
vosso pedido. Tudo se fará como estava previsto. Durante muitos anos pensámos no que iríamos
fazer se meu pai um dia nos batesse à porta. Tudo combinámos. Esse dia chegou, e será feito o que
então prometemos fazer.
REGINALDO: Faça-se a tua vontade.