Page 24 - História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
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Para visitar o bazar havia que pagar uma entrada e, uma vez lá dentro,
o visitante precisava de um grande sentido de orientação para não se
perder no seu labirinto de salas sem janelas, longos corredores e escadas
estreitas.
Harry tinha duas mascotes. Uma era Matias, um chimpanzé que exercia
as funções de bilheteiro e de vigilante de segurança, jogava às damas
com o velho marinheiro - é claro que muito mal -, bebia cerveja e tentava
sempre dar troco a menos. A outra mascote era Sabetudo, um gato
cinzento, pequeno e magro, que dedicava a maior parte do seu tempo ao
estudo dos milhares de livros que por lá havia.
Colonello, Secretário e Zorbas entraram no bazar de rabos muito
empinados. Lamentaram não ver Harry atrás da bilheteira, porque o
velho tinha sempre palavras carinhosas e uma salsicha para eles.
- Um momento, ó seus sacos de pulgas! Esquecem-se de pagar a
entrada - guinchou Matias.
- Desde quando é que os gatos pagam? - protestou Secretário.
- O aviso da porta diz: Entrada: dois marcos. Não está escrito em parte
nenhuma que os gatos entrem de graça. Oito marcos, ou então põem-se
a mexer daqui - guinchou o chimpanzé energicamente.
- Senhor macaco, receio bem que a matemática não seja o seu forte -
miou Secretário.
- Era exatamente o que eu ia a dizer. Lá está você mais uma vez a tirar-
me os miados da boca - queixou-se Colonello.
- Bla, bla, bla! Ou pagam ou põem-se a mexer - ameaçou Matias.
Zorbas saltou para o outro lado da bilheteira e olhou fixamente para o
chimpanzé de olhos nos olhos. Aguentou o olhar até que Matias
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