Page 101 - As Viagens de Gulliver
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O navio estava ao largo, e pareceu-nos que o melhor partido a tomar era
      ir  de  vento  em  popa.  Amarrámos  a  mezena  e  esticámos  as  escotas;  o  leme
      estava voltado ao vento e o navio governava bem. Largámos a vela grande, mas
      ficou  rasgada  com  a  violência  do  temporal.  Em  seguida,  arriámos  a  grande
      verga, a fim de a desmantilhar e cortámos todas as cordagens e o cadernal que a
      segurava.  No  mar  encapelado  as  vagas  entrechocavam-se.  Tirámos  as
      malaguetas e ajudámos o timoneiro, que não podia governar só. Não quisemos
      arriar o mastro da gávea, porque o navio aguentava-se melhor correndo com o
      tempo e estávamos persuadidos de que prosseguiria o seu rumo mesmo com o
      mastro içado.
          Vendo  que  nos  encontrávamos  muito  ao  largo  depois  da  tempestade,
      largámos  a  mezena  e  a  vela  grande  e  navegámos  com  vento  da  alheta;  em
      seguida largámos o velacho, a vela de estai e a gávea. O nosso rumo era este-
      nordeste, e o vento era de sudoeste. Amarrámos a estibordo e desamarrámos de
      barlavento, braceámos as bolinas e pusemos o navio mais perto do vento, a todo o
      pano.  Durante  este  temporal,  que  foi  seguido  desse  impetuoso  vento,  de  este-
      sudoeste,  fomos  impelidos,  segundo  os  meus  cálculos,  para  quinhentas  léguas
      aproximadamente  para  o  Oriente,  de  modo  que  o  mais  velho  e  o  mais
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