Page 102 - As Viagens de Gulliver
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experimentado  dos  marinheiros  não  nos  soube  dizer  em  que  parte  do  mundo
      estávamos. Entretanto, os nossos víveres não faltavam, o navio não abrira água e
      a  nossa  tripulação  gozava  boa  saúde;  a  ração  de  água,  porém,  era  muito
      diminuta. Pareceu-nos, pois, mais conveniente continuar a mesma rota, em vez
      de voltarmos ao norte, o que talvez nos tivesse levado até às paragens da Grande
      Tartária que ficam mais para nordeste e no mar Glacial.























          A 16 de Junho de 1703, um gageiro descobriu terra do alto do joanete; a
      17,  vimos  claramente  uma  grande  ilha  ou  um  continente,  (pois  não  soubemos
      qual das duas coisas era), ao lado direito do qual havia uma pequena língua de
      terra, que entrava pelo mar e uma enseada demasiado baixa para poder receber
      um  navio  com  mais  de  cem  toneladas.  Lançámos  ferro  a  uma  légua  dessa
      enseada; o nosso capitão mandou doze homens da sua equipagem bem armados
      na  chalupa,  com  recipientes  para  água,  caso  pudessem  encontrar.  Pedi-lhe
      licença  para  os  acompanhar  a  esse  país  e  fazer  as  descobertas  que  pudesse.
      Quando  desembarcámos,  não  encontrámos  nem  ribeira,  nem  fontes,  nem
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