Page 172 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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colega policial que aceitava propinas. Decker não podia reportar, porque
policiais não fazem isso uns com os outros, mas ele deu uma nota para Ben.
Aquela história fez Ben conseguir o emprego atual.
Não. Alguma outra coisa está acontecendo.
E Ben vai descobrir o que é.
• • • •
Ben sabe onde Decker costuma beber: um bar no Lower East Side
chamado Finnegan’s Wake. Ele espera até que percebe que Decker está ali
há cerca de uma hora, e então entra.
Uma velha jukebox no canto toca música country. Uma mulher dança
sozinha no chão grudento, balançando no ritmo da música enquanto um
bando de velhos a observa por cima de suas cervejas.
– Mais dois uísques – Ben diz para o barman enquanto desliza para o
banco ao lado de Decker.
Deck ergue o olhar e murmura.
– Como vai indo, Decker?
– Estava indo bem. Estava a caminho do meu quinto uísque, quase me
esquecendo do trabalho. A vida era boa. E aí você apareceu. Obrigado
mesmo, Ben.
– Vou te deixar com sua bebida. Só me diga quem foi levado em cana na
noite passada.
– Ninguém. Já disse.
– Sim. Engraçado. Não acredito em você. E não vou embora até você
desembuchar.
Decker olha repetidamente ao redor.
– Você não percebe que não pode escrever essa história? Ela nunca
aconteceu. Não há papelada.
– Não há papelada a respeito do quê?
Decker suspira, vira o copo de uísque. E então estica o braço, pega o copo
de Ben e vira este também. Ele se inclina para perto e diminui o tom de voz.
– Houve um tiroteio na noite passada. Algum viciado foi fuzilado no meio
da rua. Um policial estava passando. Viu a coisa toda.