Page 167 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
P. 167

– Mouse?

                  – Nossa. Que piada original. Eu literalmente nunca tinha ouvido essa na
                minha vida. Qual é o seu?
                  – Matt Murdock. O que você está fazendo aqui, Mickey?

                  – Essa é minha casa, agora. Eu não tenho que te dar satisfação.
                  – Você é dona do ginásio?

                  –  Bem…  “dona”  é  uma  palavra  forte.  Mas  agora  sou  só  eu  e  os  ratos,
                então reconheço que posso me nomear proprietária. Minha vez. O que um

                velho cego como você está fazendo perambulando pela Cozinha do Inferno
                no meio da noite?

                  – Pode parar de me chamar de velho? Só tenho 27 anos.
                  –  Qualquer  um  com  mais  de  21  é  velho  para  mim.  Sinto  muito,  cara.
                Daqui por diante é só ladeira abaixo para você. E aí? O que está fazendo

                aqui?
                  – Eu costumava treinar aqui. Quando era garoto. E meu pai, também. –

                Matt aponta para uma parede à esquerda. – Costumava ter uns cartazes ali.
                  –  Você  está  apontando  para  o  cara  com  uma  fantasia  vermelha  de

                demônio?  –  pergunta  Mickey.  Ele  ouve  seus  passos  enquanto  ela  se
                aproxima para ver. – Jack “ Demo” Murdock?

                  – Ah. Costumava haver outro. De uma das lutas do campeonato. Já deve
                ter sumido.
                  – Por que ele está vestido de demônio?

                  –  Ele…  meu  pai  era  um  cara  legal.  E  um  bom  lutador.  Mas  houve  um
                tempo em que ninguém entraria no ringue com ele.

                  – Por quê?
                  – Por causa da pessoa para quem ele trabalhava. Mas lutar era tudo o que

                ele  tinha.  Era  a  vida  dele.  Então  acabou  trabalhando  em  tudo  que  podia.
                Não importava o quão ruim era. – Matt se vira para ficar de frente para o

                cartaz. Ele se lembra bem dele: seu pai, vestido com uma espécie de collant
                vermelho e uma capa, um grande D no peito.
                  –  Foi  daí  que  os  valentões  tiraram  o  apelido  que  me  deram  –  ele  diz

                suavemente.
                  – Te chamavam de Demo?
   162   163   164   165   166   167   168   169   170   171   172