Page 186 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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alguma coisa com eles. Digo, sério, a cidade deveria forçá-lo a arrumar os

                prédios e não dar aval para que sejam demolidos.
                  – E quem está assinando a ordem de despejo? – pergunta Matt.
                  –  Um  cara  chamado  William  Boyd.  Um  vereador  do  Departamento  de

                Planejamento  Urbano.  O  cara  costumava  ser  policial.  Vários  rumores  de
                que era corrupto. Esse tipo de coisa é bem a cara dele.

                  – Já tentou traçar a trilha de dinheiro até ele?
                  – Não tive sorte. Boyd mantém as mãos limpas.

                  Claro que sim, pensa Matt. Esse tipo de gente sempre mantém.
                  No  decorrer  da  noite,  Matt  e  Foggy  repassam  o  caso  todo.  Discutem,

                lançam  teorias,  discutem  novamente  e  finalmente  guardam  tudo  ao
                perceberem  que  o  sol  está  nascendo  e  que  precisam  se  preparar  para  o
                trabalho.  E,  quando  Matt  tropeça  para  a  luz  clara  e  frágil  do  inverno  de

                Nova York, ele se surpreende em perceber que não está cansado. Sente-se
                exaltado. Vivo.

                  Durante  a  noite,  ele  se  lembrou  do  motivo  pelo  qual  quis  se  tornar  um
                advogado.

                  Para lutar por justiça.
                  Para lutar contra os valentões.

                                                           • • • •

                  A ação coletiva de Foggy faz Matt pensar em Mickey, sua alegação de que
                sua  família  foi  forçada  a  sair  do  apartamento.  Naquela  noite,  quando  se

                encontram no ginásio, ele menciona a ela o caso de Foggy.
                  –  Sim,  eles  fazem  parte  disso  –  Mickey  disse,  esquivando-se  de  um
                gancho de esquerda e atacando com força com um golpe corporal. Matt sai

                do  caminho  com  uma  espécie  de  dança,  ouvindo  a  mão  enluvada  dela
                cortando o ar.

                  – Muito bom – ele diz. – Você está ficando mais rápida.
                  –  E  esse  tal  de  Drexel  é  tão  bizarro  quanto  o  nome  dele.  Um  idiota

                completo.  Ele  tem  um  monte  de  prédios  na  Rua  48.  Não  é  a  melhor
                vizinhança, mas era nosso lar, sabe?

                  – Sei.
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