Page 190 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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disparos de arma?
Ele olha para as janelas. Um lampejo de luz. Último andar, três janelas
para lá.
Crack!
Definitivamente são disparos. O primeiro instinto de Ben é o de dar o fora
dali o mais rápido possível, mas ele luta contra isso. Essa é sua história.
Não pode simplesmente abandoná-la ao primeiro sinal de perigo. Ele pega a
câmera no assento do passageiro e atravessa a rua correndo. É bem tarde.
Não há ninguém por perto. Não há nem bares ou boates na área para
encorajar as pessoas a ficar por ali – apenas postes de rua quebrados e lixo
por todo o lugar.
A porta do prédio está úmida e coberta de mofo. Ele a abre, sentindo a
madeira mole ceder sob seus dedos. Um corredor escuro à frente. Vazio.
Uma escada leva ao primeiro andar.
Ben sobe correndo. Para no segundo andar. Alguém está gritando em um
dos quartos. Outra voz se junta a ela, gritando de volta.
Segue para o terceiro andar. O apartamento que ele está procurando é a
primeira porta depois da escada. Ele se aproxima em silêncio e se inclina
para a frente. Pode ouvir gritos abafados vindo de dentro. Segue para o
próximo apartamento, bate levemente. Ninguém responde. Empurra a porta.
Ela abre para dentro, rangendo alto. Ele a segura. Espera. Nada. Ninguém
ouviu. Passa para dentro do apartamento e olha ao redor.
A luz de fora entra no apartamento. Não muito, só o suficiente para
mostrar a ele que o apartamento está vazio. A gritaria é mais alta ali. Ele vai
até a parede fina que separa os apartamentos e coloca o ouvido contra o
gesso úmido.
– Clay, estou te dando um último aviso.
O som de passos batendo no assoalho oco. A luz no apartamento em que
Ben está muda subitamente. Ele se afasta da parede e olha rapidamente ao
redor. Avista um buraco na parede, por onde passa um facho de luz, a
alguns centímetros dele. Move-se cuidadosamente até o buraco e olha por
ele.