Page 191 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
P. 191
O outro lado é iluminado por fortes lâmpadas a arco. A mobília é básica:
um sofá, uma cama e uma antiga televisão de tubo. Eddie Boyd anda para lá
e para cá a passos firmes. Ele é alto, usa um colete apesar do frio, os
grandes músculos do ombro mostram sua dedicação ou à academia ou aos
esteroides. Está indo direto para um rapaz com cara de fuinha, encurralado
no canto. Eddie Boyd devia estar parado na frente do buraco o tempo todo.
Eddie agarra o cara de fuinha – Clay, como Eddie o havia chamado – e
coloca a arma sob seu nariz.
– Quem mais estava lá? – Sua voz é rouca, grossa, como se fizesse
gargarejo com vidro.
– Eu… eu não sei! – diz o cara de fuinha. – Estava escuro. Eu não podia
ver nada atrás das luzes. Eu…
Eddie dispara a arma do lado do ouvido de Clay. A explosão ecoa por todo
o local. Clay berra de medo e desliza parede abaixo, as mãos erguidas para
proteger o rosto.
Ben tateia procurando a câmera, coloca-a em modo de vídeo e posiciona a
lente o mais perto possível do buraco.
– Como você pode não sabe? Você deveria controlar a cena! Qualquer um
pode ter estado lá. Qualquer um!
– Eu… eu sinto muito! Não achei que você… não achei que iria…
acontecer o que aconteceu.
– Ah, você não achou? – Eddie caçoa. – Você não achou que iria acontecer
o que aconteceu? Seu imbecil! Eu fui preso por causa disso! Eu preciso
daquele pen drive! Entendeu?
– Eu entendo!
– Então o que vai fazer a respeito?
– Eu… vou perguntar por aí?
– Vai perguntar por aí. Bom garoto. Você tem um dia.
Eddie atravessa a sala. Ben tenta segui-lo com a câmera, mas as lentes só
pegam a madeira entre as placas da parede.
A madeira estala, e pedaços de parede caem no assoalho.
Ben congela.
E então lentamente ergue o olhar.