Page 196 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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vieram os disparos. Essa ponta da rua é mais claustrofóbica. Mais escura.

                Nenhuma loja. Nenhuma vida.
                  Matt puxa a porta que dá acesso ao prédio e se vê diante de um longo
                corredor. Um carpete sujo e desgastado se estende pela passagem. Ele passa

                as mãos sobre a parede. Há pichações espalhadas por todos os lugares – a
                tinta tem uma textura diferente sob seus dedos.

                  Matt  sobe  as  escadas,  tentando  ignorar  o  cheiro  e  urina  e  dejetos.  Ele
                gostaria de dizer que é obra de algum animal, mas seus sentidos dizem que

                não – que é cem por cento humano. Ele pode sentir o cheiro dos restos de
                drogas. Heroína. Papel-alumínio queimado. O odor de cânabis no ar, ainda

                forte apesar de provavelmente já ter um ou dois dias.
                  Ele  chega  ao  terceiro  andar  no  momento  em  que  a  arma  é  disparada
                novamente, duas portas à frente. Matt corre na direção do som. Quando ele

                chega à porta, ela se abre. Um homem enorme, careca e barbudo corre para
                fora. Ele está olhando para o outro lado, indo para o apartamento seguinte.

                Para antes de chegar lá, sentindo a presença de Matt atrás dele.
                  Vira-se.

                  – Seja lá em quem for que você está atirando – diz Matt. – Estou tirando
                ele daqui. E vai ser perante um aceno e um sorriso, ou perante você deitado

                no chão com a perna quebrada. Você decide.
                  O cara não tem arma. O que significa que há mais alguém na sala atrás
                dele. Precisa lidar com esse cara rápido.

                  – Então? O que vai ser?
                  O homem corre em sua direção.

                  O corredor não é comprido, então ele só precisa de três passos estrondosos
                para alcançar Matt. Mas o homem, como muitos antes dele, subestimou o

                cara cego.
                  Matt segura o braço do cara e o lança contra a parede, usando o próprio

                peso e impulso do homem contra ele, que atinge o gesso com força e quica.
                Matt o solta, abaixa-se e passa uma das pernas para o lado. O homem cai no
                chão,  a  cabeça  batendo  nas  tábuas.  Matt  ajoelha  sobre  seu  peito  e

                impulsiona o punho para a laringe do homem. O grandalhão abre a boca
                para gritar, mas não consegue fôlego para tanto. Seus olhos se arregalam.
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