Page 194 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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ONTEM
Depois de conversar com Mickey sobre Cornelius Drexel, Matt decide dar
uma volta pela Rua 48 e ver por si mesmo alguns dos edifícios. A rua está
calma. Alguns táxis passam velozes sobre poças oleosas que refletem os
letreiros de neon quebrados. As prostitutas ficam perto das portas,
ocasionalmente se aventurando no vento congelante quando um carro passa
devagar e perto da calçada.
Ele franze a testa. Não gosta desse lugar. Não consegue sentir aquela área,
sentir a cidade. Precisa ir para o alto.
Matt entra em um beco que acha adequado, salta e agarra a escada de
incêndio de um prédio. Sobe os degraus de metal e chega ao telhado,
dirigindo-se à beirada. O próximo prédio, do outro lado, é mais alto, mais
apropriado às suas necessidades. Ele pula, segura um ar-condicionado na
parede, sobe nele e então salta uma distância de quase dois metros e segura
o beiral do teto. Ergue-se até em cima e se levanta, sentindo o vento gelado
se mover livremente por seu rosto, não mais escondido pelos prédios.
Vai até a beira do telhado, fica ali parado, sentindo o toque do vento.
Estende seus sentidos, sente as formas e tamanhos dos edifícios por toda a
Rua 48. Há um minúsculo tremor passando pelas solas de seus pés,
sinalizando a fraqueza de suas estruturas, e o rosnado invisível das
fundações de pedra desmoronando sobre o peso dos anos.
Não é das melhores ruas, mas essa não é a questão. Pessoas vivem ali.
E é parte da Cozinha do Inferno. Seu lar. Seu povo. Se mais ninguém vai
cuidar deles, então é seu dever. Esse proprietário deve ser forçado a arrumar
esses edifícios. E esse Vereador Boyd… se ele tem aprovado ordens de
despejo sem a autorização apropriada, então ele precisa ser chamado à
realidade. Ele não pode simplesmente sair por aí quebrando as regras e
saindo ileso. Não é assim que funciona.
Crack!
Crack!