Page 230 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Duas horas atrás.

                  O problema com Mickey – o principal problema – é que ela é ferozmente
                protetora com seus amigos. Do tipo insano. Então, se acha que um de seus

                amigos está em perigo, ela não fica simplesmente sentada esperando.
                  Ela se envolve.

                  Ela intervém.
                  Ela sabe que Matt vai precisar de sua ajuda. É claro que vai. Ele é cego, e

                vai até essa ilha desconhecida com um jornalista que ela nunca nem viu. E
                está sendo como todos os caras. Agindo como durão. Como se fosse capaz

                de cuidar de si mesmo.
                  Dane-se. Ela não vai deixá-lo correr para o meio do perigo sem reforços.
                Principalmente porque ele está fazendo tudo isso para ajudá-la.

                  Diabos, ela até o venceu em chegar na ilha. Assim que ele saiu do ginásio
                na noite passada, ela fez uma mala com suas roupas mais quentes; pegou

                macarrões instantâneos, batatas chips, uma garrafa de refrigerante de dois
                litros e muito chocolate; e seguiu para o rio a fim de encontrar um jeito de

                atravessar até a ilha.
                  É  claro  que  esse  ato  de  atravessar  envolve  roubar  um  velho  barco  que

                havia sido puxado para a margem. Havia umas redes rasgadas e uma lata de
                alcatrão enferrujada embaixo do barco que estava virado de ponta cabeça.
                Mickey notou que alguém estivera remendando alguns dos buracos maiores

                do casco. Ela o inspecionou e ainda havia alguns buracos pequenos visíveis,
                mas era bom o suficiente para atravessar.

                  Ela chegou à ilha por volta das quatro da manhã e esperou na praia. Sem
                chance  de  sair  andando  pela  floresta  medonha  no  escuro.  Já  tinha  visto

                filmes o bastante para saber que aquela era uma má ideia. Não.
                  Ficou na costa com as luzes do Bronx perto o bastante para acalmar seus

                nervos. Mas, logo que a luz nasceu, ela foi até o hospital e passou o dia
                explorando  as  ruínas,  matando  tempo  até  o  fim  da  tarde,  quando  se
                escondeu lá dentro, esperando a chegada dos participantes do leilão.
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