Page 225 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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– Siga-me – sussurra Matt.

                  – Eu não devia estar indo na frente?
                  – Estamos usando meus ouvidos agora. Mas grita se vir alguma coisa que
                deixei passar.

                  Eles se movem lentamente pelo corredor. A tinta nas paredes pendurada
                em  tiras  longas  e  descoloridas.  Folhas  enchem  o  chão,  cobrindo  os  itens

                abandonados. Uma velha maleta jaz aberta – dentro, a fotografia de uma
                enfermeira  parada  com  a  mão  sobre  o  ombro  de  um  homem  de  pijama

                listrado.  Ao  lado,  uma  cadeira  de  rodas  quebrada.  Arquivos  médicos  tão
                úmidos e encharcados que se desfazem quando Matt toca neles. Passam por

                uma ala do hospital onde todas as superfícies estão cobertas por pequenos
                azulejos brancos, rachados e manchados pelo tempo. Em seguida, por uma
                sala de exames com assoalhos soltos que deixam o encanamento à mostra.

                  As vozes estão ficando mais altas. Matt já pode dizer que há dez pessoas
                esperando pelo leilão. Ele esperava mais. Clay falou com no mínimo quinze

                pelo telefone na noite passada.
                  Eles sobem por uma escada em espiral e chegam ao segundo andar. Nada

                de guardas ainda. Seguem pelo corredor, aproximando-se mais.
                  Então, quando estão a menos de quinze metros das vozes, uma figura entra

                na passagem e os avista. Ele para em choque. Matt não. Ele corre a toda
                velocidade enquanto o guarda tenta sacar a arma da cintura. Matt lança o
                ombro contra o peito do guarda, mandando o homem pelos ares. Cai sobre o

                peito dele, segura sua cabeça e a bate no chão. O piso estala por conta do
                impacto.

                  Ben corre atrás dele.
                  – Como você fez isso? – sussurra espantado.

                  – Não há tempo. Vamos.
                  Apressam-se pelo corredor. Matt sente o espaço se abrindo diante deles, e

                diminuem o passo. O corredor termina em uma sacada de onde se pode ver
                o saguão de entrada do hospital. Eles se abaixam e rastejam para a frente.
                Podem ouvir as vozes mais claras agora, fazendo piadas, rindo. Imaginando

                qual é o grande segredo sobre o vereador. Sobre o que realmente é o leilão.
                Ben deita de barriga e desliza para a frente. Ele posiciona o celular virado
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