Page 64 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Jack olha fixamente para o filho com espanto e começa a rir.
Matt se irrita.
– Qual é a graça?
Jack ergue as mãos no ar, um gesto de quem se rende.
– Nada. É só que… ah, Matt. Você é um bom garoto, você sabe disso, não
é? Eu vou ficar bem. Você não precisa se preocupar comigo.
Mesmo enquanto diz isso, lembra-se de todas as noites em que acabou
com uma garrafa de uísque, ouvindo os Stones e agarrado a uma foto de
Mary. As noites em que Matt o ajudou a ir para a cama. As vezes que Matt
costurou suas feridas, enfaixou suas costelas. Fez as compras quando Jack
estava com muita ressaca e não conseguiu fazer por si mesmo.
Deus, ele pensa. Eu tenho sido um pai terrível.
Jack ergue a mão, hesita, e então a pousa levemente sobre a do filho. Matt,
surpreso, se enrijece e quase afasta a mão. Jack nunca foi de abraços e
coisas do tipo. Outro erro.
– Pense em você agora, entendeu? Eu vou ficar bem. Você sempre esteve
aqui por mim, Matt. Mas agora é a sua vez. Sua vez de encontrar um
sentido na vida. Longe desse… buraco do inferno.
Ele aperta a mão de Matt e, então, a afasta.
Matt não diz nada.
• • • •
Madison Square Garden.
A multidão sempre fez Jack se sentir vivo. É sua droga. O que lhe dá
forças.
Esta noite, ele precisa disso.
Seu oponente é bom. Rápido. Mais rápido que Jack.
Mas Jack sabe ser golpeado. Esse é seu segredo. Ele deixa o garoto o
atingir. Uma. Duas. Três vezes. E então ele o golpeia com um “swing”. Ou
lhe dá um soco rápido. Ou atinge o garoto com um gancho curto.
Surpreendendo-o.
Jack pode ver que o garoto não esperava esse tipo de luta – está em seus
olhos. Jack quase pode ouvir seus pensamentos. Quem diabos esse velho