Page 69 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Mas para onde iria? Não conhecia nenhum outro lugar. E Matt? Sempre

                fugindo? Não.
                  Não. Ele planejava fazer o que lhe haviam dito. Como ele sempre fazia.
                Ser  um  bom  garoto.  Obedecer  ao  bom  chefe  da  máfia.  Fazer  o  que  lhe

                mandavam.
                  Mas, quando viu Matt na multidão, algo mudou.

                  Não podia fazer aquilo. Não podia decepcionar Matt. Ele acreditava em
                seu pai. Nenhum pai poderia ignorar isso.

                  Não importa o quanto isso fosse lhe custar.
                  Jack  deixa  a  arena  por  uma  porta  lateral  que  dava  em  um  beco.  Está

                chovendo,  as  luzes  da  rua  deixando  as  gotas  brancas.  Poças  oleosas  no
                asfalto refletem as luzes de freio de cada carro que passava na entrada do
                beco.

                  Um som: sapatos pisando no chão. O barulho de algo atingindo uma poça.
                  Jack  para.  Ele  suspira,  coloca  as  mãos  nos  bolsos.  Rigoletto  agiu  mais

                depressa do que ele havia previsto.
                  Ele não se vira.

                  – Acabe logo com isso, então.
                  Eles vêm para cima dele com canos de ferro e punhos. Slade, McHale,

                Gillian, Angelo e Marcello. Ele não se dá ao trabalho de tentar se defender.
                Não adianta. Ele se dá conta disso agora. Ele não vai fugir disso. Assinou
                seu atestado de óbito naquele ringue.

                  Os punhos caem sobre ele. O cano acerta com um estalo, quebrando seu
                pulso. Ele grunhe de dor. Ele não lhes dará nada mais do que isso. O cano

                cai de novo, sobre seu tornozelo. Ele pensa que é Gillian que está com o
                cano. Outro estalo. Ossos estilhaçam. Slade – pesado, forte – vem até ele

                com os punhos erguidos.
                  O nariz se quebra. Os olhos se fecham, inchados. Ele está encostado a uma

                lixeira. E os golpes ainda chegam. Ele não sente mais dor – flutua acima
                disso,  sua  mente  se  retira  para  algum  tipo  de  casulo  de  autopreservação.
                Mas ele pode ouvir os golpes úmidos. Ainda sente os golpes o atingindo.

                  Ainda não se arrepende do que fez.
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