Page 68 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Três…
Quatro…
Cinco…
Seis…
Sete…
Oito…
Nove…
Dez…
Acabou. O juiz está de pé, vindo na direção de Jack. Ele ergue seus
braços. O vencedor.
A multidão vai à loucura. Jack tenta encontrar Matt novamente na plateia,
mas a loucura é muita. Muita gente no caminho.
Jack olha para seu canto. Vê Slade ali, olhando para ele com… pena? E
então Slade se perde na multidão. Jack sabe que ele vai ver Rigoletto.
O negócio é que Jack sequer está assustado. Ele fez o que tinha que fazer.
Provou a si mesmo – e a Matt – que ele ainda era bom. Que o velho podia
ser um perdedor, mas não desistia.
Jack se virou e passou por entre as cordas, devagar. Sem demonstrar
medo. Eles estariam observando. Tudo dava a sensação de ser hiper-real: as
cores fortes demais, os sons estranhamente altos e claros. Ele podia sentir o
cheiro da pipoca, dos cachorros-quentes e do suor.
As pessoas dão tapinhas em suas costas, enquanto ele cruza o chão de
borracha. Alguns querem apertar sua mão. Outros gritam raivosamente
contra ele.
Ele ignorou a todos. Ele não tinha muito tempo.
• • • •
Jack não tinha planejado ignorar Rigoletto. Se tivesse, com certeza teria
bolado algum plano. Uma mala pronta, passagens de avião. Um carro
alugado. Algo que estivesse esperando por ele lá fora. Teria mandado Matt
para longe.
Ou poderia nem sequer ter aparecido para a luta. Ele e Matt poderiam ter
saído de Nova York. A cidade onde havia morado por toda sua vida.