Page 73 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Ele  reconhece  o  ponto  instantaneamente.  Pode  sentir  o  fraco  cheiro  de

                ozônio do sangue do pai. Ele para bem em frente à mancha escura e respira
                fundo,  sentindo  o  cheiro  de  cachorro-quente  vindo  da  rua.  Pizza  e  curry.
                Cordeiro  vindo  do  restaurante  grego  a  alguns  quarteirões  de  distância.

                Cerveja, vinho… vermelho e branco, seco e suave. Ele pode sentir o cheiro
                de tudo isso.

                  Empurra tudo para o seu plano de fundo e se concentra nas imediações. Os
                odores  no  beco  revelam  uma  imagem  dos  eventos  recentes.  Os  policiais

                com  seus  sapatos  de  couro.  O  legista  fedendo  a  alvejante  e  limpadores
                industriais extrafortes.

                  Matt  gira  devagar  em  um  círculo.  Seu  pai  é  fácil  de  identificar.  Ele
                reconheceria  sua  fragrância  em  qualquer  lugar:  talco,  uísque,  o  cheiro
                decente de suor de quem trabalhou duro. Tristeza. Ele ainda não sabe como

                consegue sentir o cheiro da tristeza. Simplesmente consegue.
                  E, acima de tudo isso, havia o cheiro do sangue.

                  E  mais.  Um  toque  de  pólvora.  Óleo  para  armas.  Brilhantina  de  cabelo.
                Loção pós-barba cara. Anéis de ouro.

                  Já havia sentido esse cheiro antes. Rigoletto.
                  Havia outros, também.

                  Slade. Todas as vezes que Matt encontrou Slade, notou o fedor de alho e
                camarão, sua comida predileta. Matt podia sentir esse aroma no beco agora.
                  E mais.

                  McHale. (Aquele pós-barba Old Spice antigo, forte e pungente, que falha
                em esconder seu cecê terminal, o suor impregnado em todas as suas roupas.

                Não importa quantas vezes ele as lave, não consegue se livrar do fedor.)
                  Gillian. (Comida asiática. Macarrão. Frango agridoce. Todos os almoços,

                sem nenhuma falha.)
                  Angelo. (Pós-barba de marca. Cremes faciais caros.)

                  Marcello. Um italiano pequeno com um enorme nariz. Sempre fungando,
                como  se  tivesse  uma  gripe  permanente.  (Remédios  homeopáticos.
                Gengibre,  três  raízes  e  casca.  Chá  verde,  cascas  de  psyllium  para  ajudar

                com sua SII.)
                  Seis homens. Seis homens contra um.
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