Page 77 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Mas ele não o faz.

                  Matt Murdock toma o tempo que julga necessário.
                  Eles suplicam por misericórdia – enquanto ainda conseguem falar.
                  Matt não para. Ele pensa em seu pai, naquele necrotério, e solta o taco, e

                continua o serviço com as próprias mãos – exatamente como seu velho pai,
                usando os movimentos que Jack lhe ensinou quando era um garoto, antes de

                avisar Matt para largar o boxe.
                  Mesmo depois que eles desmaiam, ele continua. A raiva e a fúria sendo

                liberadas a cada golpe molhado do seu punho na pele ensanguentada. Cada
                gemido, cada mudança de seus corpos inconscientes sob seus punhos, faz

                com que ele queira machucá-los ainda mais.
                  No fim, ele ainda quer matá-los.
                  Mas  consegue  se  afastar  do  precipício.  Quase  consegue  ver  seu  velho

                parado ali, balançando a cabeça.
                  Eu disse para você usar a cabeça, garoto. Chama isso de usar a cabeça?

                  Estou fazendo isso por você, pai.
                  Vinte  minutos  depois  de  ter  atraído  os  capangas  para  o  beco,  Matt

                Murdock  agarra  seu  taco,  agora  tingido  de  vermelho,  e  sobe  novamente
                para os telhados.

                  Dois já foram. Faltam quatro.
                                                           • • • •

                  Ele sabe onde Slade vai estar: no ginásio.

                  Matt  entra  escondido  da  maneira  habitual,  dando  a  volta  por  trás  e
                entrando  pelo  vestiário.  Lá  dentro  ele  para.  Pode  ouvir  Slade  batendo  no
                saco  de  pancadas  –  mas  também  ouve  alguma  outra  coisa.  Um  som

                estridente, com um leve eco. Ele repassa o som em sua mente e lhe vem a
                fonte. Sente o cheiro. Gengibre. Chá verde.

                  Marcello. Limpando as unhas com uma faca.
                  Matt anda suave e silenciosamente pelo vestiário e entra na passagem que

                leva ao ginásio. Ele se recorda de anos atrás, quando ouviu seu pai sendo
                forçado a trabalhar para Rigoletto. Aquela noite deu início ao caminho de
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