Page 74 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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Matt tem total certeza do que aconteceu ali. Rigoletto queria que Jack
entregasse a luta. Jack decidiu que não iria fazer isso – e pagou o preço.
Rigoletto deve ter perdido uma fortuna para tomar uma atitude tão extrema.
Depois dessa noite, o dinheiro vai ser a menor das preocupações de
Rigoletto.
• • • •
Já é meia-noite. Matt não vê razão em esperar nem um pouco mais.
Todas as lições durante todos aqueles anos… ele sempre soube que Stick o
estava treinando para algo, e é, Matt sente, para isto: para punir aqueles que
fazem coisas erradas.
Matt se enfia na velha jaqueta de motoqueiro de seu pai. É vermelho-
escura, quase preta. Então ele encontra uma velha touca balaclava no fundo
da gaveta e a coloca, sente a lã arranhando a pele. Em seguida, calça jeans e
tênis. E, finalmente, seu velho taco de beisebol, escondido no fundo do
armário.
Ele sobe até o telhado. Ali é o lugar em que se sente mais confortável hoje
em dia. Onde pode ficar sozinho, onde não tem de se preocupar em fingir.
Onde ninguém pode vê-lo.
Isso é importante. Se ele for avistado, haverá perguntas. Ele ainda não
consegue explicar o que pode fazer. Como diabos alguém entenderia?
Não é difícil captar o primeiro cheiro. Old Spice e frango agridoce não são
uma combinação que muita gente por aí carrega consigo. Gillian e McHale.
Parecem estar sempre juntos, como uma dupla desses velhos policiais da
TV. O mesmo gosto para roupas, também: ternos amassados, marcas de
comida cobrindo suas camisas.
Matt os rastreia até um bar na Rua 41 Oeste, se empoleira no telhado
oposto e espera. Pode ouvi-los lá dentro. Rindo e contando piadas sujas.
Bebendo jarras de cerveja e shots de uísque.
– Viu os olhos dele, cara? – McHale. Forte sotaque do Bronx. – O jeito
que ficou vermelho?
– Ruptura – diz Gillian.
– Hã?