Page 75 - Demolidor - O homem sem medo - Crilley, Paul_Neat
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– O termo correto é “ruptura”. Quando todos os vasos sanguíneos
estouram. Acho que foi a biqueira de Slade. Ele tem aquelas pontas de
metal estilo caubói em suas botas.
Estão falando sobre seu pai. Matt agarra a beirada do prédio, o concreto
duro sob seus dedos.
– Qual é a dele? – pergunta McHale. – O cara é italiano – ele pronuncia
itaianu. – Pra que ele ana por aí usano essas coisas?
– O cara ama caubóis. O que se pode fazer?
– É esquisito.
– Por quê? Que diferença faz para você?
– Nenhuma. Mas aquelas gravatas… Você viu a da noite passada? Uma
dessas coisas de couro com uma fivela em cima. Deviam ser banidas.
– Desde quando você é um conhecedor de moda?
– Não sou. Só tenho bom gosto, sabe? Bom gosto não custa nada.
Um arroto alto.
– Certo. Está pronto?
– Ainda estou bebendo.
– Traga com você. Quero me juntar ao Angelo no Magic Box. Ouvi dizer
que há carne nova no pedaço. Direto da Checoslováquia.
– Ah é? Onde fica isso?
– Sei lá. Rússia?
Eles cambaleiam para fora do bar, os pés raspando na calçada. Trôpegos
pela rua, passando uma garrafa de uísque de um para o outro.
Matt os acompanha por cima dos telhados. Espera uma oportunidade – e,
finalmente, vê um beco estreito mais à frente. As ruas estão bem tranquilas
ali. Ninguém para testemunhar. Perfeito.
Ele ganha velocidade, correndo pelos telhados, desviando de chaminés de
metal, que soltam o vapor gorduroso das lanchonetes fast-food, e saídas de
ar-condicionado, barulhentas, gemendo, como se estivessem vivas. Ele salta
sobre um espaço entre os prédios, sente o vazio passando sob os pés, e
pousa com facilidade – quase uma pausa, continua correndo. Veloz, leve.
Calmo. Da maneira como Stick ensinou.