Page 347 - Principios_159_ONLINE_completa_Neat
P. 347
Cartas internacionais
já que a força de trabalho das grandes empresas ainda é como um carro-chefe para o
movimento trabalhista. Por outro lado, complica a tarefa básica do movimento sindi-
cal, que é evitar a competição intraclasse, especialmente quando, ao mesmo tempo,
suas parcelas excluídas mal têm um papel a exercer. A mentira sobre os 70 anos de
paz na Europa e na UE foi adotada, assim como a bobagem de que a UE representaria
prosperidade ou seria um baluarte contra a direita. A integração de parcelas essen-
ciais dos movimentos trabalhistas e sindicais à Otan e à estratégia do capital monopo-
lista na UE é um aspecto central da fraqueza do movimento trabalhista na Alemanha.
A mistura de ilusões relativas a parcerias sociais com a falta de internaciona-
lização é perigosa, pois dá margem ao surgimento do racismo, do nacionalismo e do
chauvinismo, ou seja, ao agravamento da divisão de classes. Infelizmente, a interna-
cionalização está pouco presente na consciência da classe trabalhadora no nosso país.
Contrariar isso é tarefa central para um partido comunista, algo que temos de fazer
todos os dias, quando a mídia e os políticos jogam setores nacionais da classe traba-
lhadora uns contra os outros ou quando se manifestam contra nossos camaradas de
classe na Grécia, em Portugal ou qualquer outro lugar. É importante combater o beli-
cismo que eles adicionam à russofobia e à propaganda contra a República Popular da
China. Trata-se de solidariedade internacional e, mais do que nunca, solidariedade
com a luta na América Latina. Golpes imperialistas no Brasil e na Bolívia, ataques na
Nicarágua, a marionete Guaidó na Venezuela — tudo isso visa ao povo desses países
e vai contra a Cuba revolucionária e seu trajeto socialista.
* Presidente do Partido Comunista Alemão (DKP).
FRANÇA / FRANCE
A França em um tempo de
contestações mundiais
France in a world time of upheaval
Revista Princípios nº 159 JUL.–OUT./2020
Pascal Torre*
Ao longo da última década, um movimento duplo se desenvolveu na França.
No contexto da globalização capitalista, as forças neoliberais aceleraram sua ofensi-
va. Correlativamente, formas de resistência e de mobilização populares adquiriram
uma nova visibilidade quantitativa e qualitativa. Ao mesmo tempo que essas formas
demonstram a raiva e a rejeição voltadas aos políticos em atividade, inauguram um
novo capítulo em sua articulação com a política.
345