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os alicerces, paredes com reboco e outras estruturas Com a investigação arqueológica, constatamos que
construtivas identificadas nesse arruamento. para erguer a casa 15 foi realizado terrapleno com
aterro formado por rejeitos do cotidiano. Sobre ele
Se tivéssemos levado em consideração a feição
foram encontradas várias camadas relacionadas a
arquitetônica da casa 15, quando do início da pesquisa,
períodos diferenciados. A análise do material coletado
afirmaríamos que sua construção original teria ocorrido
nesse espesso aterro, em especial do material cerâmico,
no segundo quartel do século XIX. Porém, elementos
confirma os dados até aqui relatados.
construtivos indicam o recuo ao século XVIII. Destarte,
por meio da localização dos elementos de sustentação As camadas de ocupação identificadas desde a superfície
ou divisão do imóvel, pudemos compreender que a até o topo do aterro distinguem-se também por pisos.
construção da galeria se deu anteriormente à edificação Em contato com o aterro foi assentado um piso de barro
da casa 15 e em espaço que atravessava o quarteirão batido constituído por mistura de cal e saibro, e sobre
onde ela se encontra atualmente. ele uma camada com espécimes cerâmicos do século
XIX. Ainda existem sobre a camada do oitocentos outras
Comparando-se as figuras 2 e 3, observa-se nas áreas Figura 4 – Área
ocupações, que se distinguem por mais um piso de escavada onde são
destacadas por círculos em vermelho o referido
chão batido, um piso de tijoleira e um piso de cimento vistas as conexões
espaço, com o quarteirão acima aludido ainda não para escoamento
com datação relativa que aponta a utilização do imóvel
estabelecido em 1624, e depois consolidado em de águas servidas e
até ao século XX (figura 4). o piso de tijoleira.
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1785 . Visualiza-se o que deve ser a canalização
de um córrego dividindo em dois o quarteirão e
seguindo para o rio das Tripas. No detalhe da planta
de 1624 visualiza-se o arruamento ininterrupto, o que
nos leva a afirmar que existira, sim, uma canalização
passando ali. É bem provável que tenha sido realizada
uma obra para drenagem do afluente, com a intenção
de melhor definir o local onde foram erguidas
habitações. É importante notar também que o
direcionamento do traçado da canalização locado na
iconografia é análogo àquele das parcelas identificadas
na pesquisa arqueológica.
4 O espaço aberto em meio ao quarteirão 22, onde
passava um córrego, pode ser visualizado também em
outras iconografias do segundo quartel do século XVI, que
também contribuem para as análises (Simas Filho, 1998; 81
Reis, 2000).
Programa monumenta – IPhan