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Evidências arqueológicas e a cronologia de de Salvador não menciona sistema de esgotamento
implantação das canalizações sanitário naquela freguesia, concretizado antes da
canalização do rio – e consequente construção da rua
Mesmo sendo incipiente a expansão urbana em Salvador
da Vala (hoje rua J. J. Seabra) –, ocorrida entre 1849 e
durante os séculos XVIII e XIX, muitos arruamentos
1870 (Mattoso, 1992; Nascimento, 1986 e Sampaio,
foram implantados na freguesia da Sé, criando espaços
2005). Em contraposição, os vestígios arqueológicos nos
de sociabilidade. Nesses lugares, uma estrutura deveria
informam que se não fora projetado e construído o tal
ser projetada para canalizar córregos e águas pluviais
sistema, ao menos as galerias estavam sendo utilizadas
e também para o despejo de águas servidas. Indícios
para a condução de dejetos (ver figura 1).
apontam que a construção do sistema de esgotamento
sanitário não se deu antes das mudanças capitaneadas As conexões das canalizações que conduziam as águas
pelos ideais de modernização presentes em meados do servidas corroboram a hipótese da inserção de um UMA VISÃO HISTÓRICA DA ÁREA DO PROJETO
século XIX (Schwarcz, 1993; Leite, 1996). sistema de esgoto, mesmo que em espaço reduzido,
tendo o rio das Tripas como depositário dos detritos.
Do espaço examinado no presente trabalho, existem
Dessa forma, as galerias subterrâneas seriam as grandes
alguns trechos de canalizações localizados nas
coletoras dos sólidos e fluidos pútridos.
adjacências do rio das Tripas, que provavelmente foram
implantados antes do século XIX. Mas a historiografia Na casa 15, localizada na rua São Francisco, quarteirão
baiana que se debruça sobre o desenvolvimento urbano 22 (designação estabelecida pelo Projeto Pelourinho),
Figura 2 – Planta da
Cidade do Salvador
em 1624, de autor
não identificado.
Quarteirão 22 em
destaque (Reis,
2000, p. 24).
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Programa monumenta – IPhan